Já chega a quase 2 meses o tempo que a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara de Deputados mantém engavetado o pedido de auditoria dos cartões corporativos utilizados pela Presidência da República. O presidente da comissão é um deputado que se auto-intitulou relator do caso, membro do PSL e aliado do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Léo Motta, de MG. O pedido de auditoria é feito pelo vice-lider do PSB na Câmara.

Desde o início do ano, a Presidência da República de Bolsonaro já gastou mais de R$ 14,5 milhões com o cartão corporativo (segundo dados do Portal da Transparência), e como já mostramos em nota aqui no Esquerda Diário, deixando claro que não falta dinheiro para a Presidência, enquanto ele e seus ministros aprovam ataques e cortes na Previdência e na Educação.

Mesmo após requerimento do STF para abertura do sigilo dos gastos, o governo se apoia na Lei de Acesso a Informação (LAI), que diz que a Presidência pode manter certos gastos em sigilo, caso se trate de questões de segurança. No entanto a lei não é clara em quais gastos podem se enquadrar nela, e Bolsonaro se apoia nesta incerteza para manter todos os destinos dos valores absurdos gastos com o cartão corporativo em segredo.

A noticia publicada em setembro aqui mostra que a Presidência da República gastou em Junho de 2019 o equivalente a 44 mil reais por dia no cartão corporativo. Mas, como os gastos são feitos por “portadores sigilosos”, não podem ser atribuídos, graças ao sigilo, a Bolsonaro ou qualquer um de seus familiares. Só naquele mês foram gastos R$ 1.320.761,81 segundo dados do Portal Transparência.

Os montantes absurdos gastos pela Presidência permitem a todos ali viverem da mesma forma que os empresários aos quais este governo procura servir com seus ataques, como a reforma da previdência, a MP da Liberdade Economica, e seus outros diversos ajustes e privatizações. Enquanto Bolsonaro e seus aliados arrancam verbas da educação, cortando de bolsas e universidades, atacando a aposentadoria das e dos trabalhadores, discursando sobre a falta de recursos, gastam valores milionários se apoiando no sigilo para evitar quaisquer questionamentos aos seus gastos.

Afinal, para Bolsonaro são os trabalhadores, a população pobre e os jovens os que tem de pagar pela crise que vivemos, e não os empresários e capitalistas que criaram esta mesma crise.