Dado divulgados pelo IPEA no início desse mês só reforçam essa clareza. Segundo o instituto, em 2015 no Brasil o número de assasinatos cometidos pela polícia foi maior do que o número de latrocínios (roubo seguido de morte). A diferença é de 3.320 mortes por políciais contra 2.314 latrocínios.

A pesquisa também mostra os números em cada um dos estados do país, e em nada surpreende que sejam Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente, os estados onde mais pessoas são assassinadas pela polícia. No RJ foram 645 mortes por policiais e 133 por latrocínio. Dados do IBGE de 2016 mostram que no Rio 77% dos mortos pela polícia são negros.

O resultado da "guerra às drogas" é essa. Uma verdadeira guerra contra a periferia. Sempre se usando de algum pretexto, sejam as próprias drogas, ou até "aumento da criminalidade", o Estado aumenta a militarização e atuação da polícia nas periferias, aumentando a repressão e chegando a dados como estes apresentados pelo IPEA. E essa crescente presença e militarização da polícia também acaba se refletindo em aumento do aparato repressivo contra a classe trabalhadora. Basta ver nos atos em Rio e São Paulo o aumento do aparato repressor e do nivel de violencia da repressão em atos como os da CEDAE ou do 28A por exemplo, assim como também na Marcha Brasília, dia 24 de Maio.

A pesquisa também levanta outro dado que bastante inquietante: 13,7% dos assassinatos cometidos por policias ocorreram fora do serviço. Apenas 53,5% dos caso foi durante serviço, e os outras 1087 mortes nao foram especificadas em seus relatórios. Mas os números exibem bem o abuso de poder dos policiais, que matam até depois de cumprir as horas que o Estado lhe paga pra matar.