Imagem: O Globo

Um estudo divulgado pelo Ipea em 2014 estima que apenas 10% dos casos de estupro são denunciados. Assim, o número de estupros ocorridos em 2015 é na verdade de mais de 450 mil. Essas pesquisas expressam o que é a cultura do estupro e a violência à qual as mulheres estão submetidas diariamente, fruto de uma ideologia patriarcal e burguesa que é reproduzida e legitimada pelos governos, Igrejas e patrões. Isso porque a opressão é funcional para a manutenção do capitalismo, dividindo a classe trabalhadora e mantendo as mulheres nos postos de trabalho mais precarizados.

Foi no ano de 2016 que uma jovem de 17 anos foi estuprada por 33 homens. É o ano em que outra jovem foi estuprada, torturada e assassinada por dois homens na Argentina. O ano está próximo do final e o número de casos de estupro não deve diferir muito de 2015. 2016 é também o ano em que ocorreu um golpe no país, levado a cabo por setores que querem rifar os direitos dos setores oprimidos e explorados um a um, implementar projetos como o Escola Sem Partido, retirar das escolas a discussão de gênero e sexualidade, com ministérios que recebem estupradores como Alexandre Frota. Além disso, a polícia não responde a casos de violência (pelo contrário, é responsável por ela a mando do Estado), e com um sistema Judiciário tão reacionário quanto o governo, a primeiro momento pode parecer que não existe uma saída dessa realidade. Mas isso é justamente porque não é por meio desse Estado burguês, machista, racista e LGBTfóbico por excelência, que se alcançará a emancipação das mulheres.

2016 também é o ano em que milhares de mulheres saímos às ruas em defesa de nossos direitos ao próprio corpo, e contra os ataques desse governo golpista. E é aí que se encontra a saída rumo a uma sociedade livre do machismo. Nos atos de milhares de mulheres nas ruas em resposta ao estupro coletivo no Rio de Janeiro e ao estupro e assassinato de Lucía na Argentina. E também nas mais de mil ocupações de escolas, cuja linha de frente é composta por maioria feminina e negra.

A luta das mulheres é a mesma da classe trabalhadora e da juventude por uma vida plena de direitos, sem nenhuma forma de opressão e exploração, e portanto contra o estado capitalista.