As mudanças anunciadas pela Universidade Anhembi -Morumbi (do grupo Laureate) consistem nas cargas horárias das aulas serem diminuídas em 17%, reduzindo de 80 para 66 horas semestrais. O que mais chama atenção são as disciplinas presenciais, que poderão ser flexibilizadas e reduzir 25%, passando de 4 para 3 horas semanais. Embora o número de horas tenha diminuído, as mensalidades não serão reduzidas nem para alunos ingressantes, nem para veteranos.

A situação dos professores não é menos grave: uma vez que recebem por hora/aula e as horas diminuirão, poderão ter redução salarial de 30%. Assim, para manterem seus atuais ganhos, terão de assumir mais turmas.

Segundo consta no site da UEE, as mudanças foram anunciadas em reuniões convocadas pelas coordenações de cada um dos cursos, e divididas em algumas sessões, medida estratégica para enfraquecer a mobilização e reação dos docentes, uma vez que a participação foi diluída entre os vários horários.

A proposta apresenta uma infinidade de irregularidades que vêm sendo apontadas por diversas entidades. Uma delas é o fato de ter sido aprovada apenas no Conselho Universitário, não passou pelo colegiado do curso. Esses dois órgãos, segundo o estatuto da Anhembi, deveriam conter representação estudantil indicada pelos centros acadêmicos da faculdade, o que não está sendo cumprido e nem ao menos havia sido comunicado às entidades estudantis.

Alunos e professores estão convocando para a próxima terça-feira, dia 19, um ato em repúdio a essas medidas e à precarização da ensino superior. Os novos planos de aula serão utilizados a partir de 2018 em todas as instituições brasileiras administradas pelo Grupo Laureate, que vem desmantelado o ensino ao redor do mundo com sua política lucrativa de precarização da educação, como viemos denunciando a partir do caso da FMU, que sofreu com o mesmo processo. Na mesma linha está o grupo Kroton-Anhanguera, que detém um enorme monopólio de faculdades por toda a América Latina, cujo lucro ultrapassou 1,86 Bilhões em 2016, sendo 493 milhões advindo somente do FIES (Fonte).

É de extrema importância que todos os estudantes, professores e funcionários dessas universidades e de outras tantas, que vêm sofrendo com o mesmo processo de desmonte (Estácio, universidades federais e estaduais…), se unifiquem em torno da defesa de uma educação que não seja uma mercadoria, mas sim um direito gratuito e estatal para todos, que esteja nas mãos dos alunos, professores e trabalhadores. Só assim o conhecimento produzido nas universidades poderá se colocar a serviço da população e não de empresários, como os da Laureate e Kroton, que só visam o lucro em vez da qualidade do ensino.