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FMU | "A Laureate só pensa em seus lucros, e ainda demite professores", denunciam alunos da FMU

Estudantes da FMU em São Paulo estão revoltados com medidas tomadas pelo grupo americano Laureate International Universities. A corporação estadunidense tem desmantelado o ensino ao redor do mundo com sua política lucrativa e de precarização do ensino. Veja as entrevistas.

quinta-feira 6 de julho de 2017 | Edição do dia

A Laureate tem adquirido universidades brasileiras e estrangeiras, contribuindo para o monopólio do imperialismo americano. Nesse mês de Junho, no início do recesso docente, alunos e profissionais de diversos setores foram surpreendidos com as demissões em massa de mais de 210 professores e colaboradores, além de surpreender os alunos com mudanças na estrutura curricular, diminuindo o horário de aula, cujo objetivo é cortar os gastos em sua receita e implantando disciplinas à distância nos cursos presenciais (visando diminuição dos professores em sala de aula e aumentando a demanda de alunos sob responsabilidade de apenas um professor tutor).

Não bastasse o abuso da política da Laureate em obter única e exclusivamente seus lucros, os aumentos das mensalidades abusivas, impactaram os discentes da instituição. Aumentos esses que não condizem com a realidade da infraestrutura dos campus da FMU, biblioteca de Direito com livros desatualizados, bebedouros sem funcionamento, salas sem equipamentos adequados para o desenvolvimento das aulas, rachaduras nas paredes, segurança com precarização e falta de democracia na escolha da reitoria. E aqui são poucas, das diversas reclamações.

Os alunos denunciam também uma pratica surreal praticada pela rede americana na instituição. Durante cada semestre letivo, as provas de DPs (Dependências) são realizadas, infelizmente notas diversas são atribuídas aos alunos, sem que os mesmos possam passar pelo processo de vistas das referidas avaliações, impossibilitando verificar os erros e acertos. Essa pratica tem acontecido com o intuito de emancipar o número de reprovações e como consequência o pagamento de uma nova prova, visando a lucratividade.

O Sindicato dos professores de São Paulo, reuniu-se no dia 28/06/2017, com representantes da instituição para justificar a caótica situação. Ficou comprovado em ATA de reunião às informações acima mencionadas.

Alunos da instituição se organizam nas redes sociais, com evento para o dia 04 de Agosto, à 17h00 no campus da Liberdade, ato em repúdio às alterações e cortes na FMU, promovida pela Laureate. Convocando não somente a comunidade acadêmica, mas todos os interessados em lutar por uma educação de qualidade e sem desmanches. Pelo fim da política lucrativa do vestibular e pelo acesso livre do trabalhador a Universidade.

Veja entrevistas de alguns alunos:

João Victor – 20 anos – Curso de Historia

João, o que esta acontecendo na FMU?

Estamos sofrendo duros ataques da direção da universidade, e sabemos, esses ataques vem diretamente da Laureate, empresa multinacional que comprou a universidade. A Laureate quer impor seu modelo mercadológico no ensino superior da FMU. Foram anunciadas 220 demissões segundo o sindicato dos professores, e uma reforma na grade horaria que vai tornar bem precária a qualidade das aulas oferecidas pela instituição.

Quais Mudanças são essas?

As grades curriculares serão alteradas para 3 aulas de 50 minutos por noite!!! Essa mudança não representa só queda na qualidade do ensino, mas também no rendimento dos professores remanescentes que sofrerão um arrocho de 25% (já que ganham por tempo trabalhado).

A denuncias por parte dos alunos, de que os professores que estão sendo demitidos, são aqueles mais velhos e mais experientes (que por consequência ganham um salario mais alto), expondo o claro interesse da Laureate na austeridade financeira em detrimento da qualidade do ensino.

Como estão reagindo os aluno?

Na FMU, apesar da débil mobilização do DCE (dirigido pela UJS) que não faz assembleias e não mobiliza ou divulga nada na base, os alunos estão se mobilizando espontaneamente, existem grupos de mobilização aparecendo por todos os campi, atos estão repercutindo. Mas é claro que a mudança feita pela universidade não aconteceu em véspera de recesso por acaso!

Quais são as perspectivas da mobilização?

É preciso mobilizar pela base, pelo filho do trabalhador, pelo trabalhador em si, que paga a faculdade e viu a mensalidade ser aumentada pela segunda vez seguida! É preciso fazer assembleias em todos os campi e turnos ao retorno das aulas, para denunciar as manobras da Laureate, e divulgar a mobilização, fazendo grandes atos no campi Liberdade que concentra a direção da faculdade! É preciso chamar os professores remanescentes a cruzarem os braços contra esse ataque injusto da patronal! É preciso combater essa multinacional!

Nessa luta esta se forjando a oposição de esquerda na FMU, que vai ocupando os espaços que o DCE não ocupa, e se quer tem o interesse de ocupar.

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Rogério Martins dos Santos, 3° Semestre de Economia

O que está acontecendo na FMU?

A FMU está com um projeto de "flexibilização", que segundo ela, pretende melhorar o ensino, voltado para o mercado de trabalho. Esta flexibilização conta com redução da carga horária de 3h30 para 2h30, de 4 para 3 aulas de 50 minutos, e a redução de custos, com a demissão aproximada de 220 docentes.

Quais mudanças são essas e quem os promovem?

As mudanças acima estão sendo articuladas pelo próprias instituição, que pertence ao Grupo Laureate.

Como estão reagindo os alunos?

Os alunos estão se movimentando contra essas mudanças, pois a redução na carga horária irá precarizar muito o ensino, além das demissões injustas para aumentar os lucros, tratando o ensino como produto ou mercadoria. Estão sendo organizados alguns movimentos para que talvez a FMU volte atrás e não realize estas alterações que não são benéficas para ninguém, somente para o bolso da Laureate.

Quais perspetivas dos alunos para o futuro com tais mudanças?

Caso as mudanças entrem em vigor, no dia 1° de agosto, grande parte dos alunos farão transferência para outras instituições. Grande parte da minha sala já está pesquisando outras instituições de ensino que possam fornecer um ensino de qualidade e que seja transparente. O que está sendo feito é uma precarização na qualidade, que prejudicará grande parte dos que ficarem e reduzirá o nível de ensino.

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Roberto Montanari Custodio, 20 anos, aluno do curso de Direito

O que está acontecendo na FMU?

Está ocorrendo uma precarização no ensino após a venda para a Laureate. A FMU, que tem a honra de ter formado diversos profissionais de ponta, hoje vem perdendo sua qualidade para um utilitarismo que visa apenas ao lucro e não se importa com a qualidade da formação dos alunos.

Quais mudanças são essas e quem os promovem?

Professores de alta qualificação foram demitidos em massa, em sequência a carga horária reduzia em cerca de 40 minutos diários, além da anterior inserção de disciplinas à distância que faz com que um único professor possa cuidar de diversas turmas ao mesmo tempo, e as salas no dia dessa disciplina são utilizadas por tumas intinerantes. São todas medidas graduais que a Laureate vem tomando em conjunto com o aumento das mensalidades, o que só demonstra o total descaso com o nosso direito fundamental à educação que está sendo tratado como mera mercadoria.

Como estão reagindo os alunos?

Os alunos inconformados vem reagindo as mudanças por diversas frentes, tanto jurídicas quanto políticas. Logo após o anúncio da demissão em massa e redução da carga horária, foi criado um abaixo assinado online que somou mais de 5 mil assinaturas em apenas dois dias de criação, o que demonstra a total insatisfação por parte dos alunos. Além disso, há 4 ações judiciais contra a Laureate em uma tentativa de fazer com que a qualidade FMU seja mantida e outras estão sendo preparadas. São apenas 4 ações, mas elas somam 34 alunos em menos de uma semana.

Além disso há tentativa de contato com deputados, estaduais e federais, e senadores em uma tentativa de que os mesmos diligênciem e criem CPI’s que investiguem a precarização no ensino, as lesões a direitos do consumidor e trabalhistas decorrentes de fusões e incorporações. Tais contatos já vem trazendo resultado, na quarta-feira há uma audiência pública agendada com o Deputado Estadual Carlos Giannazi.

Quais perspetivas dos alunos para o futuro com tais mudanças?

Há uma perspectiva geral de desânimo com as mudanças no sentido de que elas farão com que a qualidade do curso caia, porém, os alunos continuam resistindo e a perspectiva real é de que a Laureate volte atrás e mantenha nossa qualidade diante de todas as movimentações, tanto de alunos quanto por parte do sindicato que aunciou que haverá greve por parte dos professores.




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