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Os dados, que foram coletados entre 2017 e 2018, mostram um grande avanço em relação à pesquisa anterior, de 2013, onde a insegurança alimentar atingia 23% dos domicílios. É possível desdobrar a insegurança alimentar em três níveis: a insegurança leve, que atinge 24% dos domicílios, a insegurança moderada, onde esporadicamente falta comida, que atinge 8%, e a insegurança grave, onde há uma restrição severa, que atinge 5% dos domicílios, o equivalente a mais de 3 milhões.

A insegurança alimentar não atinge a todos de maneira igual. As mulheres e os negros, que já recebem salários menores e que mais sofrem o desemprego, são os mais atingidos. Dos domicílios que se encontram em situação de insegurança alimentar, 74% são chefiados por negros. E apesar de representarem mais da metade da população brasileira, as mulheres chefiam apenas 39% dos lares que estão em segurança alimentar.

As desigualdades regionais são gritantes também. Enquanto na região Sul, um quinto dos domicílios se encontra em situação de insegurança alimentar, na região Norte são 57% e no Nordeste, 50%.

Fazendo outras correlações, é possível ver que a insegurança alimentar se combina com outros tipos de vulnerabilidade. Entre quem se encontrava nesta situação, cerca de 19% não possuía água encanada, 47% não estava conectado a rede de esgoto, e 21% não tinha o seu lixo coletado. Entre aqueles com insegurança grave, estes números eram ainda maiores.

Outro dado importante da pesquisa é a composição da renda. Nos domicílios em situação de insegurança alimentar grave, os rendimentos do trabalho representam apenas 45% dos rendimentos totais. Enquanto isso, as transferências governamentais, como programas assistenciais, e rendimentos não monetários, quando somados, chegavam a representar mais da metade da renda.

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