Nesta quinta-feira, o ex presidente Lula reuniu-se com pelo menos 12 deputados federais petistas para negociar como se posicionar sobre a continuidade do mandato do presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Já contra o pemedebista, foi enviado à Executiva Nacional do partido, um documento da corrente interna do PT chamada Mensagem ao Partido (do ex-ministro Tarso Genro e José Eduardo Cardozo, além de Paulo Teixeira e outros deputados federais) e outras correntes minoritárias, pedindo que o Partido dos Trabalhadores “assuma imediatamente a posição de representar junto ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados o deputado federal Eduardo Cunha, solicitando abertura de investigação e processo em razão das graves denúncias de atividades ilícitas e quebra de decoro que são puníveis com a cassação do mandato parlamentar.”

Apesar das ações da cúpulas do PT negociarem a salvação do mandato de Cunha, visando um “acordo de cavalheiros” para que também não saia o impeachment contra Dilma e o documento enviado pelas correntes, junto com liberação da bancada do PT para assinar requerimento de apoio à iniciativa do PSOL e do REDE contra Eduardo Cunha parecerem como contraditórios e possível de aprofundar uma disputa interna no partido, o discurso dos bastidores, articulado por Lula é bastante moderado em todos os setores do partido: cassação de Cunha e impeachment para debaixo dos panos para poder golpear com punho só para atender a burguesia: aprofundar o ajuste fiscal para os trabalhadores e o povo pobre.

Lula como ficou evidente no discurso no Congresso da CUT protagoniza um jogo de cenas onde faz parecer que “daqui para frente”, o governo estará mais voltado para suas bases sociais (contando com o apoio das burocracias sindicais e mesmo, setores da esquerda) e do outro, diminuir a importância das discussões do golpismo, impeachment de Dilma, ou cassação de Cunha, orientando a unidade do partido para continuar governando, no caso, continuar aplicando medidas de austeridade contra a população agradando os grandes empresários.

Com os acordos espúrios cada um, governo, base aliada e oposição de direita, buscam sair melhor localizados publicamente e em cargos (agora e no futuro), mas em um contexto de crise política e crise econômica há muita fragilidade nos acordões, e por isso, é preciso que cada um se apresente como melhor alternativa para a burguesia, e até hoje, o PT vem cumprindo esse papel: aplicando ajuste que retira direitos, amplia tarifaços, implementa o PPE, aumento de juros, e um longo etc, que envolve também nenhum avanço nos direitos democráticos das mulheres, negros e LGBT.

A unidade do governo do PT, pemedebistas e oposição de direita está construída no protagonismo da novela contra os trabalhadores: ameaças de cassação e impeachment para cada um barganhar mais ou perder menos, e na prática, todos seguem governando para os ricos e para garantir que fique de pé essa democracia para poucos.

Apenas uma alternativa política independente do governo, da oposição de direita, disposta a derrotar as burocracias sindicais, desmascarará como Lula é agente dos ajustes e que não é possível isolar a parte “má” de uma supostamente boa do governo, e que, Dilma e Lula estão metidos até a cabeça nos ataques. É preciso combater o PT, Lula, Dilma e a burocracia sindical, para construir uma alternativa em que a juventude e os trabalhadores possam ser sujeitos políticos e poder unificar as lutas contra as medidas do ajuste.