Tão escandaloso quanto ter cedido o espaço, foi o caráter complacente da entrevista. Nada mais nada menos que o editor e dono de um dos maiores jornais de circulação e Minas Gerais, Vittorio Medioli, o também prefeito mais rico do Brasil, reavivando a tradição fascista italiana, sua terra natal.

Milhares de mineiros tiveram que se deparar com ideias que chamam o holocausto de “holoconto”, ideias inspiradas em Adolf Hitler e que os LGBT poderiam ser curados. O jornal sequer questionou o entrevistado que negou que 6 milhões de judeus foram exterminados pelo regime nazista, mais de 1 milhão passaram por Auschwitz, junto com mais de 100.000 ciganos, homossexuais, inválidos e militantes comunistas e socialistas, que compartilharam do mesmo destino.

A elite conservadora que controla os grandes meios de comunicação em Minas superou todos seus limites com essa entrevista irresponsável. Mostra como a grande mídia está longe de ser neutra ou imparcial. Num momento em que vivemos uma crise econômica e política no país, ideias de extrema direita tentam sair do nicho disseminando ódio e preconceito.

Enquanto milhares marcharam há dois meses atrás na cidade de Boston, Estados Unidos, contra ideias de seitas neonazistas que defendem a supremacia branca, em Minas Gerais o jornal O Tempo ajudou na disseminação dessas ideias.

Lamentável.