Com a Reforma Trabalhista, que gera a possbilidade de maiores jornadas de trabalho em condições ainda mais insalubres de trabalho, a tendência é um aumento cada vez maior do número de acidentes e doenças geradas pelo trabalho. O que torna a situação ainda mais dramática para o trabalhador é o fato de que o INSS não tem concedido benefícios para quem se encontra sem condições de trabalhar.

Desde o início do ano o governo passou a dificultar cada vez mais o acesso aos benefícios. Um verdadeiro "pente fino" vem sendo efetuado no INSS. A ideia é efetuar a revisão de mais de 530 mil benefícios. Até o início de Julho 200 mil perícias haviam sido realizadas pelos médicos do instituto, sendo que 180 mil beneficiários foram obrigados a voltar a trabalhar, ou seja, em 90% dos casos os benefícios foram suspensos.

O maior problema dessa situação é que vêm se acumulando casos em que trabalhadores sem condições de voltar a exercer suas funções têm sido obrigados a voltar ao trabalho. O processo de "revisão de benefícios" do governo Temer é, na verdade, um meio de intensificar absurdamente a precarização da situação de muitos trabalhadores, em sintonia com todas as reformas e ataques que vem movendo em seu governo. Trabalhadores diagnosticados com stress pós-traumático, síndrome do pânico, depressão, etc, quase sempre transtornos gerados pelas condições cada vez mais absurdas de trabalho a que estamos submetidos (tornadas ainda piores com a Reforma Trabalhista), têm sido obrigados a voltar a exercer suas funções sem que estejam recuperados das doenças.

A avaliação médica dos peritos do INSS é extremamente arbitrária na maioria dos casos. Não se sabe ao certo qual o critério usado por tais profissionais para realizar as avaliações. Fato é que o modo como as realizam deixa nítido que estão agindo em sintonia com o projeto do governo Temer de atacar, precarizar e retirar direitos. Sob o falso argumento de que há um déficit na previdência, trabalhadores vêm sendo obrigados a voltar para seus trabalhos precários sem condição alguma para realizá-los.

Um exemplo do quão absurda é a situação é o caso recente de uma bancária, de 55 anos, que foi considerada apta a voltar a trabalhar, tendo seu benefício suspenso, mesmo respirando com o auxílio de um cilindro de oxigênio de mais de 10 kg que é obrigada a carregar. Após sofrer um AVC, além de respirar por meio do cilindro, bancária perdeu parte da visão, dos movimentos no lado direito do corpo, adquiriu problemas no coração e nas cordas vocais. Ainda assim, seu benefício foi, por duas vezes, negado pelos peritos do INSS. Ligado a isso, somam-se inúmeros relatos de trabalhadores acometidos por doenças ou moléstias geradas por acidentes que são acusados por médicos do instituto de serem fraudadores de benefícios.

O fato é que casos como esse têm se tornado a regra no INSS. A meta de Temer é reduzir em 80% o número de benefícios pagos pelo Instituto, o que levaria mais de 1 milhão de trabalhadores, possivelmente em sua maioria sem condições de voltar ao trabalho, a ter seus benefícios suspensos. Se aprovada, a reforma da previdência, que nos fará trabalhar até a morte, só intensificará ainda mais essa situação de precarização e desrespeito ao trabalhador. Para esse governo a regra básica é essa: atacar, precarizar e retirar nossos direitos.