A hashtag “Tudo tem seu tempo” está sendo fortemente divulgada em redes sociais oficiais do governo Bolsonaro e em outdoor exposto na Câmara dos Deputados. Ainda assim a Ministra Damares diz que não é a única campanha do governo, ao mesmo tempo que combate a educação sexual nas escolas.

Com esta campanha Damares tenta fazer parecer que o problema da gravidez na adolescência é consequência da sexualidade dos jovens, e não da falta de educação sexual, acessos aos métodos contraceptivos e acesso a saúde física e mental.

A ideia de que #tudotemseutempo é uma falácia desse governo, pois a juventude começa a trabalhar aos 14, 13, 12 anos em trabalhos precários, com salários miseráveis e isso é louvado pelo governo como empreendedorismo. O governo que hoje diz que “tudo tem seu tempo” é o mesmo que meses atrás chegou a defender o trabalho infantil, com declarações absurdas da família Bolsonaro.

Damares empalma com o sentimento conservador que elegeu bolsonaro contra os valores feministas, anti-racistas e anti-LGBTfóbicos que buscam combater a ideia de que a mulher é mera reprodutora. Essa ideia vai contra a "família tradicional brasileira". A campanha tenta transmitir a ideia de que o governo faria uma campanha apenas para que o jovem pudesse "escolher", Damares diz "porque ele não pode escolher deixar para o ano que vem, ou para o próximo?".

O que Damares e o governo menos querem é permitir algum direito de decidir. Por isso fazem campanha permanente contra o elementar direito ao aborto, que evitaria a morte de milhares de mulheres por abortos clandestinos. Mas também não permitem o direito de decidir pela maternidade especialmente para as mulheres pobres, trabalhadoras e negras.

A luta necessária neste momento segue sendo por educação sexual nas escolas para decidir, contraceptivos para não engravidar e aborto legal, seguro e gratuito para não morrer. Do contrário, é o governo intervindo na vida da juventude para transmitir uma ideologia conservadora em consonância com suas bancadas religiosas. Por isso, também, é preciso dizer que Igreja e Estado são assuntos separados.