Porém Gilmar não respondeu que outras legendas poderiam ser investigadas e disse que os novos desdobramentos da Lava Jato, como o acordo de delação premiada dos executivos da Odebrecht, terão que ser analisados futuramente. ‘’Certamente, essas pessoas (Temer e Serra) vão ser provocadas. Por enquanto, o que nós temos são declarações iniciais. Certamente, isso materializando vai ter reflexo no âmbito da Justiça Eleitoral’’ disse.

De acordo com o ministro, as apurações contra o PT já estavam mais adiantas devido ao processo que investigou as contas da campanha de 2014 da presidente afastada Dilma. Gilmar foi o relator do caso e afirmou que o pedido de investigação já havia sido sugerido à Corregedoria Geral Eleitoral há cerca de onze meses, quando se encerrou a análise das contas da petista ‘’Nós não estamos propondo a extinção do PT, o que estamos dizendo que esta prática pode dar ensejo à extinção e a Corregedoria deve fazer a avaliação’’.

O fato é que com a delação premiada de Marcelo Odebrecht, a ala do partido do judiciário que quer fazer com que a Lava Jato se transforme numa "operação mãos limpas" ganha força frente à outra ala representada por Gilmar Mendes que quer fazer com que as investigações apenas se restrinjam ao PT. Frente a este cenário de correlação de forças desfavorável ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes foi obrigado a recuar parcialmente na sua intenção de acabar com o PT.

É preciso pensar que ficaria feio para o Judiciário perante a sociedade, frente à delação premiada de Marcelo Odebrecht, seguir com uma ação contra apenas o PT. Isto mostraria para a população o caráter arbitrário e anti-democrático do Judiciário, então é necessário colocar uma máscara supostamente democrática a este poder, dizendo que a investigação é contra todos os partidos envolvido em escândalo de corrupção.

A ação de querer colocar o PT na ilegalidade não tem nenhum interesse em combater a corrupção, mas sim abrir espaço para criminalizar também as organizações de esquerda. É preciso um plano de luta que questione os privilégios dos políticos e do judiciário, fazendo com que os dois setores ganhem um salário de professor e no caso do judiciário que os juízes sejam eleitos pelo voto popular. Para nós, a saída para conseguir estas demandas é através de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela luta dos trabalhadores e demais setores populares da sociedade.