Ao mesmo tempo em que ações como essa demonstram a potencialidade existente na auto-organização da população, que está tomando sob seu controle os cuidados com os moradores da comunidade onde vivem, explicitam o descaso de governos como de Dória e Bruno Covas, ambos do PSDB, que não fornecem o mínimo para os trabalhadores sobreviverem a crise sanitária.

A falta de testes faz com que pessoas infectadas convivam com as não contaminadas, mesmo ambas em quarentena, o que propicia o aumento de contágio pelo vírus, e mantém a subnotificação como uma prática já recorrente, o que impede a análise dos locais que possuem maior risco de contaminação.
A insuficiência de máscaras e EPIs para os profissionais da saúde faz com que aqueles que lutam na linha de frente no combate ao vírus sejam os que estão mais propensos a serem contaminados.

A falta de contratação de profissionais da saúde também precariza ainda mais a estrutura de saúde já deficitária, elemento que motiva diversos estudiosos a apontarem o colapso da rede de saúde algo inevitável.

Diante do nível de precarização, os trabalhadores não encontram outra saída a não ser fazerem eles mesmos uma pequena parcela do que o Estado deveria fazer caso estivesse a serviço de atender as necessidades da população. Fica escancarado o quanto os governos lutam para manter o lucro dos grandes empresários enquanto secundarizam a sobrevivência de milhares de pessoas. Por isso, precisamos nos inspirar em ações como essa de Paraisópolis, e nos organizarmos para que nós mesmos possamos decidir sobre nossas vidas.

Nós, do MRT, e do Esquerda Diário, defendemos a criação de comitês em cada fábrica, hospital, e em todos os locais em que os trabalhadores continuam a ser explorados, com representantes votados pelos próprios funcionários, para que esse grupo possa administrar os recursos disponíveis, com o objetivo de salvar vidas e não lucro dos patrões.

Ninguém melhor do que os próprios profissionais da saúde para administrar os hospitais no qual trabalham, de forma democrática, levando a frente os interesses dos trabalhadores; assim como os próprios funcionários das fábricas poderiam decidir reconverter a produção para a fabricação de respiradores, álcool gel e máscaras, já que sentem o medo de serem infectados todos os dias, e veem amigos e familiares sob o mesmo risco, ao mesmo tempo que sabem que a seus patrões só interessa os cifrões em suas contas bancárias.

Para isso, precisamos perceber que governos como os de Dória e Covas não estão ao lado dos trabalhadores e do povo pobre, e que somente com os trabalhadores auto organizados será possível mudar a lógica dessa sociedade e impor que nossas vidas valem mais que o lucro deles.