Para honrar seu posto de capacho do Trump, desde o primeiro turno Bolsonaro vem defendendo o voto impresso, encontrando coro apenas nos seus fiéis seguidores bolsonaristas. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, foi questionado sobre esse assunto ontem (29), quando declarou sua defesa da urna eletrônica e ironizou as teorias da conspiração bolsonaristas: “Tem gente que acha que a terra é plana, tem gente que acha que o homem não chegou na lua, tem gente que acha que o Trump venceu as eleições nos Estados Unidos”, disse ele.

Após essa declaração, bolsonaristas e outras figuras da direita divulgaram um vídeo de Barroso ao lado de João de Deus, conhecido por estar envolvido em mais de 200 casos de abuso às mulheres, onde o presidente do TSE afirma que João de Deus “sabe extrair o que há de melhor das pessoas”. Um verdadeiro escândalo atrás do outro, já que ainda ontem (29) Barroso declarou que os resultados da eleição seriam divulgados se Deus quisesse, jogando a laicidade do Estado para o lixo e como se ele não fosse o principal responsável pela divulgação dos dados.

Ainda no primeiro turno, foi também Barroso quem se enrolou para justificar o atraso na divulgação dos resultados eleitorais, escancarando ainda mais a degradação do regime.

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Nessa briga entre Barroso e o bolsonarismo não há lado para os trabalhadores e a juventude. Se ambos hoje se atacam, outrora estavam juntos para aprovar ataques e reformas. Além disso, o elogio de Barroso ao estuprador João de Deus o aproxima ainda mais de Bolsonaro e seus seguidores: inimigos das mulheres e calorosos defensores da união nefasta entre o Estado e a Igreja, para que o patriarcado e o capitalismo sigam nos oprimindo.

Repudiamos completamente Bolsonaro e sua política, assim como repudiamos com todas nossas forças os elogios de Barroso a João de Deus. De um lado estão os reacionários defensores da ditadura, que destilam ódio aos negros, às mulheres e aos LGBTs a todo momento. De outro está um representante da casta de juízes eleitos por ninguém, que acumulam inúmeros privilégios com salários altíssimos. Ambos têm em comum o objetivo de explorar cada vez mais a classe trabalhadora para se manter no poder e preservar o lucro dos capitalistas. Por isso nossa luta precisa ser unificada contra estes dois setores que compõem e sustentam o regime do golpe. Lutamos pela separação do Estado e da Igreja e para que todo juiz seja eleito e revogável, recebendo o mesmo salário médio de uma trabalhadora, para acabar com os privilégios dessa casta que ninguém elegeu mas que seguem decidindo sobre nossas vidas.