Isto ficou ainda mais evidente nas gravações de Sérgio Machado, que já derrubaram dois ministros. Ali se demonstrou não só que o PMDB planejou o impeachment buscando um acordo de impunidade, como também que parte do judiciário e da mídia têm interesses em atacar Temer e seu governo, seja para promover mais tucanos, seja para acelerar o processo de novas eleições (via emenda constitucional, ou mais fácil pela cassação da chapa Dilma-Temer no TSE). Com medo de que a instabilidade aumente e sua cabeça possa rolar, Temer tenta acelerar a votação do impeachment no Senado.

O golpe tinha como objetivo erguer um novo governo que realizasse ataques mais duros e rápidos contra a classe trabalhadora do que Dilma e o PT já vinham fazendo. Neste quesito o governo Temer está falhando aos olhos dos defensores do golpe.

Enquanto Temer não produz importantes ataques, seus aliados não o deixam dormir

A missão de Temer, de promover duros ajustes sem a legitimidade das urnas, é uma missão bem difícil para qualquer burguês. Por isso os grandes jornais imperialistas diziam que melhor seriam “novas eleições”, para dar a um novo governo ajustador a legitimidade que Temer não possui. Uma política que seria continuidade do golpe, e teria como seus grandes protagonistas gente como Gilmar Mendes, Sérgio Moro e a Rede Globo. O mais absurdo é ver correntes que se dizem de “esquerda” (como o MES/PSOL de Luciana Genro e o PSTU), mas defendem essa mesma política.

De todo modo, os cenários futuros seguem incertos. Enquanto não desembarcam de Temer, nem terminam de lhe dar calma para atacar, vão aumentando o peso dos tucanos no governo e tentando aprovar medidas jurídicas e leis que acabem com os poucos direitos democráticos e sociais inscritos na Constituição de 1988 (ver página ao lado).

Para o povo trabalhador Temer só promete cortes e ataques, enquanto promove aumento para os juízes e funcionários de alto escalão que já ganham supersalários.

Com a força das mulheres e da juventude, não deixemos o governo golpista de pé

No dia 01/06 dezenas de milhares de mulheres tomaram as ruas em diversas cidades, denunciando a “cultura do estupro” que existe no capitalismo, e erguendo suas vozes contra Temer.

A juventude segue em sua luta de norte a sul do país. Com escolas e faculdades ocupadas, e greves como a das universidades estaduais paulistas. Enquanto isso a CUT e CTB seguem o imobilismo que tiveram frente ao golpe. Até ensaiaram uma conversa sobre “greve geral”, mas marcaram uma reunião para debatê-la para... o mês de julho (!!!).

Diversas ações têm levado a recuos do governo Temer, desde recriar o Ministério da Cultura, ao retorno do Minha Casa, Minha Vida. Falta a classe operária entrar em cena com seus grandes batalhões. Derrubar as privatizações, os cortes na saúde e educação, o ataque à aposentadoria: são tarefas que exigem uma luta muito mais profunda. Mas há disposição para isso. É só nos mirarmos no exemplo das mulheres, da juventude e das universidades estaduais paulistas. A CUT e os sindicatos devem organizar imediatas assembleias para votar um plano de luta de greves e ocupações para trazermos abaixo este governo golpista, e no calor desta luta impor uma nova Constituinte que varra junto de Temer todo o reacionarismo do estado brasileiro.