"Estamos perdendo a nossa liberdade", "O ditador tinha que ser eu”, “Não tem filé mignon para todo o mundo”: essas são algumas das groselhas que Bolsonaro proferiu em discurso de 40 minutos realizado em lançamento de auditório na Associação Comercial de São Paulo nesta sexta-feira (26).

Diante de um público empresarial e executivo, Bolsonaro se sentiu à vontade para dar continuidade aos discursos reacionários de defesa de Daniel Silveira, defesa dos empresários que defenderam um golpe em caso de vitória do Lula e outras groselhas. Ainda que não signifiquem nova escalada reacionária ou novas ameaças golpistas, Bolsonaro segue buscando manter alerta a sua base mais de extrema direita. Nessa mesma toada, continua promovendo as manifestações do dia 7 de setembro, ainda que não está claro o tom golpista que promoverá a partir das ações no dia.

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Sob aplausos, risadas e apoio, Bolsonaro aproveitou para criticar a militância petista: “Vi o Lula falando ontem [no Jornal Nacional], ‘temos um novo MST’, você vai modificar o DNA da cobra, da sogra? …) A gente não muda”., se referindo à pergunta feita pelo entrevistador da Globo a respeito da “violência” da militância de esquerda. O que tanto Bolsonaro quanto a Globo parecem se “esquecer” é de que quem há pouco tempo assassinou abertamente uma pessoa não foi um militante de esquerda, mas sim um bolsonarista assumido.

O ataque à militância de esquerda, a comparação entre o autoritarismo que se dá nas instituições brasileiras a “regimes socialistas” e afirmações deste tipo somente servem para que Bolsonaro siga apresentando uma retórica fortemente antiesquerda e antissocialista, mas que, na prática, surte pouco efeito diante desse cenário eleitoral em que se encontra em desvantagem.

Ao lado dos devastadores empresários do agro, Bolsonaro ainda criticou o fato de que supostamente a maior parte de reservas brasileiras de fertilizantes estão em terras indígenas, usando uma expressão racista: “Se alguém acha que reserva indígena a negada (sic) fez para ajudar o índio, está de sacanagem, não conhece a raça de políticos no Brasil”.

Bolsonaro deixa claro que essa extrema direita seguirá existindo enquanto força social. As eleições são incapazes de enfrentá-la e derrotá-la, ao contrário do discurso de que é possível “enfrentarmos o fascismo nas urnas”. Precisamos de um enfrentamento que se dê na luta de classes, com centralidade dos trabalhadores, de forma independente da direita que hoje se faz de “aliada”.