Segundo levantamento do site Metropóles, são ao menos 5.426 militares da ativa, das três armas, que são sócios, donos ou gerentes de empresas, o que constitui crime militar. Desses, 3888 são sócios-administradores e 1067 presidentes.

Os dados foram levantados por meio do cruzamento da lista de servidores do Exército, Aeronáutica e Marinha com dados da Receita Federal sobre donos e sócios de empresas. São dados públicos disponíveis em plataformas como o Portal da Transparência, do próprio Governo Federal.

Além disso, são 14 contratos fechados entre as Forças Armadas e empresas comandadas por militares da ativa, e em 3 casos os contratos foram feitos pelos batalhões onde os militares que comandavam essas empresas estavam lotados no momento da assinatura do contrato. Em um desses casos, o contrato era de R$ 1,6 milhão.

A essas empresas e contratos, podem se somar os diversos privilégios e benefícios que os militares têm hoje, especialmente os de alta patente.

No ano passado, o General Heleno, reacionário ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse ter vergonha de que seu salário líquido fosse de “apenas” R$ 19 mil, mais de 8 vezes o rendimento médio mensal dos brasileiros ocupados na época, que era de R$ 2.286.

Pode-se citar também os casos dos generais Luiz Eduardo Ramos, que atualmente é ministro-chefe da Secretaria de Governo, e Bento Albuquerque, ambos com salários brutos acima de R$ 50 mil.

Em junho deste ano, enquanto Paulo Guedes defendia o congelamento e até mesmo o corte de salários de servidores públicos, quem ele acusava de ser privilegiados, Bolsonaro deu um reajuste no “adicional de habilitação”, um benefício para militares que já fizeram cursos e que é recebido basicamente por oficiais. Este reajuste podia ser de até R$ 1600 reais por mês.

Em dezembro do ano passado, a reforma da Previdência dos militares tomou um rumo inverso ao da reforma da Previdência dos trabalhadores. A reforma dos militares manteve privilégios, especialmente da alta patente.

Já são cerca de 3 mil militares ocupando cargos no governo, incluindo dez ministérios, além do vice-presidente Hamilton Mourão.

Os militares aumentam sua força política dentro do regime brasileiro, sustentam o Governo Bolsonaro e o avanço do autoritarismo. Dizem defender a igualdade perante a lei e participam do governo que dizia que terminaria com a mamata. Mas a realidade mostra que a lei só se aplica contra os trabalhadores e os pobres, enquanto os militares, empresários e seus aliados políticos aumentam privilégios e se mantêm acima da lei.