São Lourenço da Mata, com 113 mil habitantes, fica a 20 quilômetros do Recife, registrou 12 mortes e escancara a ineficiência do Estado para combater a pandemia. Cidade tem apenas leitos de estabilização com respirador para que pacientes sejam transferidos, caso resistam à doença, para hospitais com UTIs em outras regiões.

A falta de estrutura e o COVID-19

A falta de estrutura em São Lourenço da Mata gera uma das principais causas da contaminação e também determina as poucas de chances de recuperação dos habitantes da cidade.

De acordo com a secretária de Saúde, o deslocamento dos moradores dessa cidade para a capital pernambucana é a principal causa da contaminação, já que muitos deles se deslocam, diariamente, para trabalhar no Recife. Ou seja, essa migração pendular (descolamento diário de pessoas para estudar ou trabalhar em outra cidade, estado ou país) determinada pela falta de possibilidades em sua própria cidade natal, jogando esses trabalhadores para tentar a sorte nas cidades vizinhas de maior foco de desenvolvimento econômico, além de expressar a falta de planejamento social dos governadores, também está funcionando como proliferadora da doença.

Ademais, além de ser o principal fator que determina a contaminação, a falta de estrutura na cidade chegou a níveis catastróficos e insustentáveis, limitando muito as chaves de recuperação e sobrevivência dos doentes, pois não há sequer um leito de UTI para os moradores, ou previsão de haver em um futuro próximo. Na cidade, há somente leitos de estabilização com respirador para que pacientes sejam transferidos a hospitais com UTI, nas demais regiões vizinhas, caso tenham conseguido sobreviver a enorme janela de ausência de tratamento efetivo.

A insuficiência das medidas do prefeito Bruno Pereira (PTB)

A prefeitura da cidade tomou medidas completamente insuficientes para combater a crise extremamente dramática, praticamente limitando-se a responsabilizar a população pelo combate à proliferação, tomando medidas mais duras de isolamento, como diminuir os horários de funcionamento das feiras de comércio em alguns dias da semana, e informando que o Ministério da Saúde destinou R$ 802 mil à compra e à instalação de novos equipamentos para o Hospital Municipal Petronila Campos. No entanto, não há sequer previsão de instalação de uma UTI.

O que deveria ser feito?

Para haver um combate efetivo à crise, é central que todo o sistema de saúde seja estatizado, para que todos os leitos, sejam eles de hospitais públicos ou privados, estejam a serviço de atender as demandas urgentes da população. Isso significa colocar todos os leitos e a estrutura dos hospitais privados à disposição do SUS, sob controle dos profissionais da saúde. Além disso, é de extrema importância que os hotéis, hoje inutilizados, sejam convertidos para estações de tratamento hospitalar, também sob controle do SUS, aumentando, assim, os leitos e o número de pessoas assistidas.