Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

“Deixamos para trás um regime que não mais atendia às aspirações da cidadania, uma República calcada na fraude eleitoral, um federalismo de oligarquias e seguidas revoltas, revoluções, autoritarismos e ditadura que envolveram os militares. Goste-se ou não, foi o regime instalado em 1964 que fortaleceu a representação política pela legislação eleitoral, que deu coerência à União e afastou os militares da política, legando ao atual regime, inaugurado em 1985 e escoimado de instrumentos de exceção, uma República federativa à altura do Brasil.” Essas foram as palavras que separo para marcar o texto de Hamilton Mourão para o Estadão no dia de hoje(6).

O general, com total apoio da grande imprensa, como mostra texto publicado pelo Estadão e nenhum rechaço por esses setores da comemoração de 64 feita pelos militares, expõe a falsa narrativa militar da “revolução de 64” onde trariam democracia e ordem para um país desordenado. Nada fala das extensas lutas que ocorreram naqueles anos, como os organismos das Ligas Camponesas, nem do processo revolucionário aberto em 61 - traído pelo PCB.

Toda essa falsa narrativa é reforçada por outros setores regime, cada um a seu jeito. Nenhum se opõe a Lei de Segurança Nacional, se calam sobre as comemorações, como já negaram o uso da palavra “ditadura militar” - Folha, ou prestam seu apoio à Bolsonaro - Centrão.

Resgatando a memória de 64, como se as Forças Armadas não estivessem envolvidas até o último fio de cabelo em escândalos de corrupção desde os dias ontem até hoje. Mourão tenta limpar a cara do Exército por apoiar um governo que não veio pra limpar a corrupção, na verdade compra mansão de 6 milhões sem falar da onde veio o dinheiro. Daí, a importância dessa “carta”.

Vice de Bolsonaro, frente a crise dos ministérios e com as forças armadas enfiadas no governo, tenta de alguma forma, desvencilhar a imagem das Forças Armadas como um apoio a Bolsonaro como sendo parte do governo e não como mais uma instituição de Estado. Reafirma o anos de autoritarismo de ontem, com a morte de lutadores, negros, indígenas e lgbts, para manter os de hoje com o regime do golpe.

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É com essas declarações que Mourão agrada a sua base bolsonarista, adoradora do regime empresarial-militar, e mantém a Lei de Segurança Nacional, herança escancarada da ditadura, para “defender a cidadania” militar contra opositores e todos que se opõem a esse regime do golpe.