Na semana que o número oficial de mortes pelo COVID19 na cidade do Rio de Janeiro ultrapassou o de São Paulo como o maior entre as capitais, o prefeito Eduardo Paes declarou que “não me parece compreensível ter shopping aberto e escolas fechadas” avançando a partir daí que as escolas é que devem ser abertas (e não que os shoppings deveriam fechar, poupar riscos aos trabalhadores). Fazem coro a ele entidades como a ASBREI – Associação Brasileira de Educação Infantil – que cinicamente finge estarem preocupadas com a educação enquanto tentam pressionar por um retorno inseguro apenas para manter o lucro dos empresários da educação privada.

Desta forma, nesta segunda-feira, dia 8, inúmeras escolas particulares voltaram as aulas como se nada estivesse acontecendo, sujeitando professores, funcionários e estudantes a condições de risco, da mesma forma que escolas municipais em várias cidades fluminenses, principalmente na educação infantil, já que há toda uma pressão para que os pais saiam para trabalhar e produzir lucro.

Mesmo na rede estadual, onde ainda não há volta as aulas presenciais, mas está sendo imposto um planejamento pedagógico de cima para baixo, as escolas já começaram a convocar professores para atividades presenciais como a aplicação de um questionário “sócio-emocional”, cujo real objetivo não é outro senão o de fingir que haverá um acolhimento para os alunos, muitos passando por problemas emocionais ou psicológicos, muitas vezes agravados pelas incertezas sobre a vida escolar produzidas pelo próprio ensino a distância farsesco da secretaria de educação do Rio de Janeiro.

Esta reabertura, autoritária, insegura, desorganizada e sem levar em conta as reais necessidades das comunidades escolares não tem outro sentido se não o de produzir lucro para diferentes setores da burguesia, e o impacto concreto na classe trabalhadora será o de aumentar a taxa de transmissão do COVID 19, aumentando a pressão sobre o já colapsado sistema de saúde do Rio de Janeiro.

Nossas vidas valem mais que os lucros deles, por isso é preciso superar a espera passiva pela vacina, exigindo das direções sindicais que organizem um debate democrático nas escolas que permita unir a força das comunidades escolares com os trabalhadores da saúde para lutar por um calendário real de vacinação para todos e também por um plano de medidas emergenciais para a pandemia construído em cada escola, exigindo dos governos investimento em infraestrutura escolar e uma perspectiva real de retorno seguro. Por isso são as comunidades escolares, e não os políticos, que devem decidir como, quando e em que condições voltar, debatendo com os profissionais da área de saúde em cada local.

O Esquerda Diário é uma mídia independente feita por e para o trabalhadores, por isso queremos dar voz aos milhares de professores, estudantes, familiares e trabalhadores da educação que sabem que precisamos desmascarar Comte, Paes e Ferreirinha.

Chamamos todas as comunidades escolares para nos enviar a real situação das escolas: as condições precárias de trabalho e estudo, as péssimas condições estruturais das unidades escolares e a falta de equipamentos e materiais básicos de segurança sanitária precisam ser denunciadas.

Neste momento, é crucial que a juventude e a classe trabalhadora se apoie em suas próprias forças. Por isso, quem deve decidir quando, como e quais são as medidas necessárias para um retorno seguro é a própria comunidade escolar com os trabalhadores da saúde.

Todas as denúncias recebidas serão divulgadas de forma ANÔNIMA, pois sabemos que as empresas, as prefeituras e o estado atuam para impedir o direito de organização dos trabalhadores da educação e de todos os servidores públicos e trabalhadoras e trabalhadores terceirizados.

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