Foto: Renata Armelin/ Mamana Foto Coletivo/ VICE

O laudo apresentado pelo exame necroscópico aponta que o garoto teve parada cardiorrespiratória após usar drogas. O documento, em tese, apresenta que o menino teve um mal súbito devido ao uso de entorpecentes.

Veja o trecho do documento divulgado pelo site O Globo na tarde de hoje:

Segundo o laudo João Victor tinha consumido drogas que aceleram os batimentos cardíacos, o que ocasionou a arritmia cardíaca que o levou a morte. Mesmo tendo escoriações no corpo, foi descartada a hipótese de agressão.

Segundo testemunhas o garoto foi de fato agredido por funcionários da rede Habib’s, pois afirmam que os agressores estavam uniformizados. Os funcionários negam qualquer tipo de agressão. Diante disso, o Habib’s afastou os funcionários envolvidos no caso até que a investigação termine.

A mãe de João Victor, a faxineira Fernanda Cassia de Sousa, clama por justiça e vai além dizendo que “Eu, como mãe, sinto que tem alguma coisa de errado nesse negócio”.

E de fato a faxineira está coberta de razão, esse não é o primeiro caso onde um adolescente negro da periferia é morto e a justiça não é feita. Percebemos o quanto as pessoas pobres e negras sofrem pelo silenciamento diante dos grandes ataques que ocorrem diariamente numa sociedade desigual, silêncio este que ataca com golpes certeiros qualquer tentativa de grito por justiça.

O laudo, ao mencionar o uso de drogas, busca se apoiar em um discurso moralista, próprio de uma sociedade conservadora, para impedir que o caso continue a ganhar dimensão e esconder a realidade de assassinatos constantes da juventude negra. A afirmação de que a morte é responsabilidade da própria criança apenas serve para fazer com que a sociedade não reflita nem questione a totalidade que abala toda a estrutura desse sistema opressor.

Uma grande empresa como a Rede Habib’s é capaz de tudo para não colocar seu nome na lama, e tem grandes advogados que a defenderão a todo custo.

A João Victor, e a muitos outros garotos negros e pobres que morreram injustamente, resta nosso grito de justiça. Que nossa luta seja por uma sociedade capaz de atender às demandas da juventude, garantindo seus direitos desde cedo.