Essa semana está sendo a vez dos vereadores de Contagem votarem sobre o que deve ou não ser ensinado nas escolas. Resultado: uma nova audiência está chamada para esta quarta feira. Objetivo: retirar do plano de ensino das escolas municipais o conteúdo disciplinar sobre diversidade étnico racial e diversidade de gênero.

A polêmica na câmara da cidade aparece ao redor da exclusão do item oito do Plano Municipal de Educação. Essa meta aponta que se deve “potencializar as ações educativas e inclusivas das escolas de Educação Básica de Contagem, ampliando o debate sobre gênero, sexualidade, diversidade sexual e étnico-racial, diversidade religiosa, povos indígenas, quilombolas, ciganos e juventudes no campo da ética, cidadania e dos direitos humanos”.

O Brasil é um país multi racial e pluri étnico, onde a maior parte da população é negra, o racismo é uma realidade cotidiana e as religiões de matriz africana são constantemente reprimidas dentro e fora das escolas. Num estado como Minas Gerais, onde a maior parte da população também é negra, é funcional aos políticos representantes dos interesses dos capitalistas naturalizar o racismo e o preconceito para manter seus privilégios e as altas margens de lucro dos empresários. Naturalizam a realidade cruel de nossos jovens como a menina de 11 anos que foi apedrejada na cabeça no Rio de Janeiro nesse mês de junho após participar de um ritual de candomblé.

A vereadora Isabela Filaretti, do PTB, é uma das que defendem a retirada dos temas acerca da diversidade. E isso também está a serviço de naturalizar a violência de gênero ou a opressão às mulheres. Isso porque a realidade da maioria das mulheres de Contagem não é a realidade de Filarettis. Grande parte das contagenses ocupam os postos de trabalho mais precarizados, em especial as mulheres negras. Isso sem falar das duplas e triplas jornadas de trabalho. E essa opressão, para existir, tem que ser construída desde cedo para ser considerada natural e para permitir que exista uma Filaretti entre milhares de mulheres exploradas na cidade.

Na violência aos homossexuais e transsexuais o Brasil é um dos campeões. A cada 28 minutos morre uma pessoa fruto da LGBTfobia. E os grandessíssimos vereadores com seus privilégios e suas tradicionais famílias querem impedir que as escolas, os pais, os professores e os alunos debatam essa realidade cruel. Alguns deles dizem que haveria a intenção de intervir na orientação sexual e na identidade de gênero das crianças e dos jovens. Porém, diferente disso, haver temas acerca da sexualidade em nossa sociedade inseridos no currículo nas escolas é uma via de não naturalizar, por exemplo, a violência a um jovem devido sua orientação sexual. Mas os políticos dos partidos da ordem preferem esconder essa realidade de violência como a bárbara tortura contra um jovem homossexual de Betim no final do ano passado num ritual homofóbico chamado de “purificação de gays”.

Nenhum desses políticos, fundamentalistas religiosos ou não, deveriam falar de educação. Sejam eles do PCdoB, PT, PSDB, PMDB, PHS e PTB, são partidos envolvidos em escândalos de corrupção ou como parte dos partidos que implementam planos de ajustes contra os trabalhadores, como o PCdoB de Carlin. Começando pela vida de privilégios que tem, quando recebem mais de 12 mil reais de salário, isso sem contar os diversos benefícios. Os trabalhadores negros, mulheres e transexuais de Contagem estão muito longe dessa realidade. Ainda mais distante dessa realidade estão seus filhos e nossos alunos da rede pública de ensino.

Essa realidade nos municípios hoje é parte dos avanços reacionários contra os direitos democráticos e mostra da aliança do PT, Lula e Dilma junto aos partidos reacionários e conservadores como Eduardo Cunha, incluídas a chamada bancada religiosa, composta por representantes das instituições da Igreja católica e evangélica. Os governos que se dizem de esquerda, mas que governam para os ricos, como o PCdoB de Carlin e o PT, fazem alianças com os setores mais preconceituosos para se manterem no poder. Eles são responsáveis pelo fortalecimento das bancadas do preconceito.

Contra o racismo, contra a homofobia e transfobia. Por um estado e uma educação laica para termos uma educação pública de qualidade que questione ativamente os preconceitos raciais, de gênero ou de orientação sexual. Chega de opressão!