Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil

Bolsonaro negociou desde domingo a noite meios de se blindar e cobrar a conta do centrão pelo apoio institucional como presidente da República. Passou a segunda-feira toda se encontrando com aliados próximos e planejou detalhadamente o seu futuro. O responsável pela "blindagem" de Bolsonaro será o "dono" do PL, Valdemar Costa Neto, que ofereceu, além de salário de conselheiro da legenda, uma mansão alugada e advogados já que os principais advogados de Bolsonaro o abandonaram. Certamente não vai ser fácil defender o "capitão".

Ideias de Esquerda | As raízes do bolsonarismo

Para quem acreditou que as eleições derrotariam Bolsonaro e desmoralizariam a extrema direita, se enganou. Como viemos colocando no Esquerda Diário, Bolsonaro e o bolsonarismo só serão derrotados na luta de classes e sem ilusões com as instituições bonapartistas do regime, como o STF, governadores e polícias, e sem alianças com a direita, como vem fazendo o PT ao lado de Tebet, Alckmin e progressivamente pactuando uma transição com aliados de Bolsonaro. Como mostra a história, as frentes amplas com o campo político dos capitalistas são incapazes de derrotar a extrema direita, pelo contrário, impedem o advento da força organizada da classe trabalhadora e dos setores oprimidos em prol de saídas negociadas com frações supostamente democráticas do regime, apoiadoras das contrarreformas e privatizações, como a direita tradicional e o STF (protagonistas do golpe institucional e das eleições manipuladas de 2018), abrindo espaço para a extrema direita cada vez mais fortalecida eleitoralmente e como oposição nas ruas.

É preciso apostar na força dos próprios trabalhadores a exemplo daqueles que, como os trabalhadores do estaleiro de Angra, desbloquearam uma rodovia bloqueada por bolsonaristas e passaram no RJ. A classe trabalhadora pode se auto organizar em cada local de trabalho e exigir de suas direções sindicais e das grandes centrais como a CUT, dirigida pelo PT, e a CTB, dirigida pelo PCdoB, que organizem um plano de lutas contra as ameaças golpistas e as reformas e privatizações dos últimos anos, a começar pela trabalhista, de forma independente da direita e de um futuro governo Lula, que com Alckmin sinaliza um governo ao lado dos capitalistas. É preciso desde já organizar a luta nas ruas contra a extrema direita e por um plano que faça com que sejam os capitalistas que paguem pela crise.