Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que para que os estados do nordeste obtenham verbas do governo federal, os governadores terão de se comprometer a apoiar seu governo: “...se eles quiserem realmente que isso tudo seja atendido, eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro.”

O presidente segue com seu ódio irrestrito contra o nordeste e os nordestinos. Após ser flagrado referindo de forma odiosa aos nordestinos como “paraíbas” e dizendo que “não tem que ter nada” para o Maranhão, agora faz chantagem cobrando apoio político de uma região que o rechaçou amplamente nas eleições e nas ruas, como demonstraram os atos massivos dos dias 15 e 30 de maio.

Bolsonaro declarou: “O que eu quero desses respectivos governadores: não vou negar nada para esses estados, mas se eles quiserem realmente que isso tudo seja atendido, eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro. Caso contrário, eu não vou ter conversas com eles, vamos divulgar obras junto a prefeituras”.

A chantagem vem em um momento em que o governo, moralizado com a aprovação da Reforma da Previdência no 1° turno na câmara, permitiu uma escalada no tom autoritário de suas declarações, como as declarações sobre o assassinato de Fernando Santa Cruz, negação do assassinato do cacique Emyra Wajãpi, facilitação do garimpo, tentativa de mudar a legislação sobre demarcação de terra indígenas. Também acompanhado recrudescimento do regime visto nos absurdos episódios da militante trans do PSOL sequestrada e torturada, ou da invasão da PM em uma reunião de mulheres do PSOL.

Esse autoritarismo está a serviço de impor uma vida cada vez mais miserável à classe trabalhadora e o povo oprimido, uma vida permeada pelas consequências das reformas trabalhista e da previdência, trabalhando até morrer em trabalhos precários. São medidas aplicadas pelos grandes empresários capitalistas para lucrarem ainda mais com nosso suor.

Entretanto, o nefasto plano de Bolsonaro e seus disparates autoritários não encontram oposição à altura nos governadores do PT e PCdoB no nordeste, que recentemente defenderam cessar o enfrentamento - ao governo de Bolsonaro, inclusive com o governador do Ceará, Camilo santana do PT, incentivando os parlamentares do estado a votarem a favor da Reforma da Previdência - de Bolsonaro a pedido de Rodrigo Maia. A busca por aparecer como setor democrático diante dos ataques de Bolsonaro na verdade encobre uma política de impedir com que a classe trabalhadora coloque todo seu peso junto à juventude para combater Bolsonaro nas ruas, e negociar com o centrão o nosso direito ao futuro. Tal estratégia se plasmou na traição ao dia de greve geral de 14 de Junho.

Para batalhamos contra o projeto super exploração dos trabalhadores e da juventude e de submissão ao imperialismo, que destroem as perspectivas de futuro com o desemprego massivo e miséria, precisamos batalhar para colocar toda a disposição de luta dos trabalhadores e da juventude que se se mostraram na realidade.

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É necessário fazer balanços consequentes das traições das burocracias sindicais e estudantis nos dias 15M, 30M e 14J, e a partir disso construir um pólo anti-burocrático nos organismos dos trabalhadores e estudantes, que impulsione a auto-organização, para que possamos, a partir de um plano de lutas, unificar a luta contra os ataques e colocar nas ruas a força dos trabalhadores e dos estudantes, contra a escalada autoritária de Bolsonaro, do Congresso e do Judiciário que querem nos fazer pagar pela crise.