Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

No início desta semana o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), recorreu ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, para pedir que as eleições municipais do estado do Amapá fossem adiadas.

Os motivos para que o senador fizesse tal pedido vão desde interesses mais pessoais, como o fato de que Davi Alcolumbre é um dos principais cabos eleitorais da candidatura de seu irmão, Josiel Alcolumbre, para a prefeitura da capital do estado, Macapá; até a situação de mobilizações e caos social nas ruas que supostamente colocam em risco as eleições. Mobilizações estas que estão acontecendo já há mais de uma semana por conta do apagão no estado e têm sido brutalmente reprimidas pela polícia com bombas de gás e balas de borracha, chegando a cegar um adolescente de 13 anos.

O governador do Amapá, Waldez Goés (PDT) decretou estado de emergência no Estado, podendo servir de base para o pedido do presidente do Senado.. Não só isso, mas o próprio Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) pediu também o adiamento das eleições na capital do Estado, Macapá, alegando que ali as manifestações estão mais intensas, justificando a violência e repressão policial ao dizer que facções criminosas estão envolvidas nos atos de rua.

Entretanto, na noite de quarta-feira, 11, a Justiça Eleitoral descartou o adiamento das eleições no Amapá por conta do apagão, das manifestações e caos social que está em curso e conta com forte repressão policial. Ainda foi declarado e garantido que as urnas eletrônicas estão com baterias sobressalentes por conta da falta de energia no Estado.

O apagão já se estende por semanas, especialmente em bairros periféricos e pobres do Estado. Enquanto as urnas eletrônicas recebem garantia total da Justiça Eleitoral e demais políticos do Estado para funcionar apesar da falta de energia, milhares de famílias sofrem com o abandono e descaso do governo, estando sem energia, água, alimentos e condições mínimas de vida.

Nesta semana, o Esquerda Diário entrevistou uma moradora do Amapá que revelou as duras condições impostas à população pelo descaso do Estado ao que se soma a forte repressão: “Se a gente não morre de sede, fome ou Covid, a polícia termina o serviço”.

A situação no estado do Amapá é alarmante e escancara os objetivos mais profundos e consequências do projeto neoliberal de Bolsonaro, Mourão e Guedes que querem privatizar cada vez mais rapidamente todas as empresas. A empresa multinacional espanhola Isolux é que fornece energia para o Amapá e devido um incêndio na estação de luz da empresa, praticamente o estado todo está no escuro. Lembrando, contraditoriamente, que o Amapá possui quatro hidrelétricas e fornece energia para todo o país.

Essa irracionalidade é reflexo e intrínseco ao capitalismo que tudo quer privatizar para que os empresários lucrem mais. Enquanto os bairros ricos do estado estão com luz, a periferia e a população trabalhadora e pobre do Amapá sofre com o descaso dos governos que seguem não resolvendo o problema de falta de energia.