O auditor da Receita Eduardo Cerqueira Leite e Mario Pagnozzi, do escritório Pagnozzi & Associados Consultoria Empresarial, foram presos por ordem do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em Brasília. Leite é um dos réus em ação penal por corrupção na Receita Federal e no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O grupo é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de envolvimento em esquema pagamento de propina em benefício do BankBoston, atualmente Itaú Unibanco.

Para obter o benefício milionário, o então diretor jurídico do BankBoston teria feito pagamentos ao escritório Pagnozzi & Associados Consultoria Empresarial, de São Paulo. Conforme os investigadores, a empresa fez várias subcontratações para que o dinheiro chegasse aos julgadores da Receita Federal e do Carf.

Entre os réus estão o ex-diretor jurídico do BankBoston Walcris Rosito, o auditor da Receita Eduardo Leite e os ex-conselheiros do Carf José Ricardo da Silva, Valmir Sandri e Paulo Cortez. Além de corrupção, os implicados vão responder por gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, apropriação de dinheiro de instituição financeira e organização criminosa.

O Itaú Unibanco disse que "não é parte do processo e não teve acesso à decisão". O BankBoston foi adquirido pelo Itaú Unibanco durante a tramitação dos processos sob suspeita e no início do ano o Itaú foi isento do pagamento de mais de 25 bilhões de reais com a fusão, isenção feita pela Carf mesmo com a Receita Federal declarando que a fusão gerou ganho de capital de R$ 17 bilhões.

A crise econômica parece não atingir os bancos, só no primeiro trimestre deste ano o Itaú já tinha lucrado 6 bilhões de reais, 20% a mais do que no passado, assim também foi com o Bradesco que anunciou lucro de mais de 4 bilhões e o Santander com R$ 2,28 bilhões, todos os valores maiores do que os lucros do ano passado, ou seja enquanto os índices de desemprego aumentam cada vez mais e o governo Temer atacam os direitos dos trabalhadores com suas reformas, os bancos seguem lucrando.

Viemos discutindo no Esquerda Diário, a seletividade da Zelotes nas investigações, alinhada aos objetivos políticos ligados ao golpe institucional e a aprovação das reformas, ao mesmo tempo que escancara a participação dos bancos e empresas nos esquemas corruptos. Mas sabemos que assim como a Operação Lava-Jato, nenhuma resolução da corrupção pode vir das mãos do judiciário reacionário. Enquanto mantém sua farsa de combate à corrupção, os bancos seguem lucrando valores exorbitantes, mesmo nos momentos de crise, e são os trabalhadores que estão pagando a conta.