Segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada hoje (26), uma em cada cinco mulheres diz ter sido agredida por um vizinho. Na pesquisa de 2017, esse tipo de agressão representava 3,8% do total. Na divulgação de hoje, a violência causada por vizinhos cresceu e chegou a 21,1%. O vizinho como principal agressor fica atrás somente das estatísticas que abarcam namorado ou companheiro. Segundo matéria do G1, que analisou a pesquisa: cônjuge/companheiro/namorado são responsáveis por 23,8% dos casos e vizinhos por 21,1%.

Sobre os locais das agressões, 42% acontecem em casa, 29,1% na rua e 8,2% a partir de contato pela internet (em 2017, apenas 1,2% disse ter sofrido violência a partir de redes sociais e aplicativos).

Uma projeção feita pela pesquisa é de que, no último ano, 12.873 mulheres foram agredidas por dia, o que significa 536 por hora e 9 por minuto.

A pesquisa também mostra situações que caracterizam assédio, como comentários desrespeitosos no trabalho ou ser beijada sem consentimento. 37,1% das mulheres, cerca de 22 milhões, responderam ter sido assediadas no último ano. E esse valor mais que dobra entre as mulheres de 16 a 24 anos para 66,1%. De 25 a 34 anos o percentual é de 53,9%.

É importante ressaltar também que no Brasil a violência contra as mulheres atinge principalmente as mulheres negras. De modo geral a população negra é a principal vítima de homicídios no país, mas o assédio também é maior entre as mulheres negras. Enquanto 34,9% das mulheres brancas disseram ter sido assediadas no último ano, o número sobe para 36,7% entre as mulheres pardas e 40,5% entre as pretas, segundo a análise do G1.

É necessário que se fortaleça o combate à violência contra as mulheres a partir de cada sindicato e entidade estudantil nos locais de trabalho e estudo por um Plano Nacional de Emergência contra a violência às mulheres que deveria ser responsabilidade do Estado.

Mas após o golpe institucional de 2016 as políticas públicas para combater a violência contra mulher, que já eram insuficientes nos governo de Lula e Dilma, foram mais rebaixadas ainda, e a redução absurda nos gastos com isso são um grande exemplo de como o Estado não se preocupa com a vida das mulheres.

O MEC de Bolsonaro (PSL) segue à risca a ideologia de reacionária do presidente de extrema direita. O Ministério, para usar as palavras do próprio presidente, diz que quer combater o que chama de “lixo marxista” e já propôs que livros didáticos sejam censurados e não tratem do combate à violência contra a mulher e nem da resistência dos quilombos e trabalhadores do campo.

Fazemos um chamado a todas as mulheres, estudantes e trabalhadoras para que em cada escola, fábrica, universidade ou local de trabalho se organizem com o Pão e Rosas para construir um 8 de março em que as mulheres possam se colocar na linha de frente da luta contra Trump e Bolsonaro, por justiça por Marielle, contra a reforma da previdência, pelo direito ao aborto legal seguro e gratuito, contra a violência às mulheres e o projeto Escola Sem Partido.

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