Verônica foi presa após uma confusão em seu prédio, desde o último dia 10, acusada de agredir uma vizinha. No domingo (12), durante a transferência de cela houve uma briga entre Verônica e o carcereiro, onde a travesti ficou completamente desfigurada. Até a tarde desse sábado (18), ela estava num Centro de detenção Provisória. O caso e o vazamento das imagens de Verônica publicadas em sites policiais está sendo investigado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Uma injustificável violência e brutalidade policial, usando como desculpa a cor e a identidade de gênero dela.
Heloísa Alves, coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, órgão vinculado à Secretaria de Justiça e da Defesa de cidadania do governo estadual, teria feito a proposta e as gravações onde Verônica negava a agressão policial em troca da redução de sua pena.Durante visita na delegacia a coordenadora teria feito as gravações.
Verônica afirma em um dos áudios "Eles reagiram dentro de suas leis” e que era direito deles agirem “para contê-la”. Realmente eles reagiram dentro de suas leis, leis que são criadas para criminalizar ou matar qualquer um que não se enquadre nos padrões aceitos, leis racistas, machistas e LGBTfóbias. A polícia agiu como aparato repressor do Estado para conter uma mulher que socialmente não é aceita dentro desse sistema.
Após pedido da Defensoria Pública, o GECEP instaurou na quinta-feira (16), um procedimento de investigação para apurar as denúncias de tortura e maus-tratos contra a travesti.
Segundo a versão da Secretaria de Segurança Pública (SSP) ela apanhou dos presos ao se masturbar na frente deles e que em seguida o carcereiro foi tentar ajudá-la, mas foi mordido por ela, que lhe arrancou parte da orelha. A polícia afirma que os policiais do 2º DP negaram qualquer agressão a Verônica.
Versão contestada pela mãe de Verônica. Segundo ela, a filha relatou que policiais militares e civis a agrediram durante a confusão ocorrida na cadeia e no hospital para onde foi levada ferida.
O caso de violência e violação dos direitos humanos de Verônica, mulher transexual e negra, evidencia a dura realidade contra as mulheres no país, com um dos mais altos índices de feminicídio e com as mulheres trans e travestis seguindo sem qualquer tipo de "cidadania" e direitos humanos. Onde o Estado não reconhece suas identidades e muito menos que as agressões, mutilações e assassinatos são violência de gênero.