A despeito da postura do governo Zema e da direção da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), os trabalhadores de 10 hospitais de BH e região já estão há mais de quinze dias de greve. Neste tempo, os trabalhadores têm se deparado um governador que é cúmplice dos planos de Bolsonaro de precarizar ainda mais a vida dos trabalhadores e que prioriza a repressão em detrimento da saúde e da educação, e com uma direção da Fundação que tenta de todas as formas atacar o seu direito de greve com mentiras e distorções.

Na última quinta, 23, estiveram na Cidade Administrativa para uma reunião com o governo referente ao pagamento do 13º para toda a categoria. Os grevistas fizeram uma assembleia no local, marcharam até o prédio que esconde Romeu Zema e lá fizeram uma série de denúncias para que o governador escutasse. Além de denunciar a situação grave em que se encontram os servidores, muitos endividados sem receber o 13º, e justificar suas outras reivindicações como a gratificação da ajuda de custo, os grevistas, que são a maioria mulheres e negras, não pouparam o governador de ouvir sobre a situação em que se encontram os hospitais, nem deixaram de pontuar que esse desmonte forçado da saúde pública tem por trás os objetivos de privatizá-la, o que os trabalhadores também são contra nas suas pautas de greve.

Assista: Juventude Faísca direto da Cidade Administrativa com os trabalhadores da Fhemig em greve

Na sexta-feira se depararam com mais uma calúnia vinda da direção da Fhemig, acerca da suposta ilegalidade da greve. Desde o início, a postura da Fundação era de não reconhecer a greve nem a Asthemg/Sindipros como um sindicato que represente a categoria. O Esquerda Diário conversou com um professor da UFMG e especialista em direito do trabalho, Gustavo Seferian, que desmentiu a Fhemig e confirmou a legalidade da greve. Após essa notícia viralizar entre os grevistas, a direção da fundação retrocedeu em suas mentiras, mas se aproveitou de uma liminar judicial para voltar a alegar a ilegalidade da greve. Não era disso que a liminar tratava, e sim da escala especial que a lei determina que o serviço de saúde cumpra, mesmo em greve.

Nesta segunda, o movimento grevista voltou a marchar na Cidade Administrativa, dessa vez com o movimento Somos Todos Colônias, usuários do SUS que foram cobrar de Zema o devido tratamento que merecem os trabalhadores que cuidam da saúde da população.

Foto: Asthemg/Sindipros

Ontem, por determinação de uma liminar judicial, aconteceu uma Audiência de Conciliação. Ainda não há repasses oficiais, mas a greve continua e há previsão de próximas reuniões entre o sindicato e a direção da Fhemig.

O Esquerda Diário apoia ativamente esta greve. No Estado marcado pela lama, enchentes e contaminações graves, os trabalhadores da saúde têm uma importância primordial. Para Zema, a vida da população não importa frente aos seus planos de ataques, que só servem aos grandes empresários. Por isso chamamos toda a população a apoiar esta greve, e aos sindicatos e entidades estudantis que disponibilizem suas forças para articularem medidas de solidariedade para massificar esta greve e unificar com outras categorias como os trabalhadores da educação e a juventude, que no ano passado foram linha de frente da luta contra Bolsonaro e Zema.