Foto de Rafael Kennedy

Logo depois do primeiro dia de recepção aos calouros, um cartaz com os dizeres “The KKK want you” foi encontrado colado no corredor do instituto. E esta não é a primeira manifestação racista no IFCH, o primeiro instituto a implementar cotas étnico-raciais na pós-graduação, no ano passado algumas pixações de cunho racista apareceram nos corredores e banheiros, e tivemos que lidar com palavras como “White Power” e mais símbolos da KKK, além de uma pixação que dizia “ Aki não é senzala, tirem os pretos daqui”.

Mas assim como no ano passado, que respondemos as pixações com um grande ato até a reitoria, a criação da comissão permanente para debater e combater o racismo na universidade e o Dia de combate ao racismo no IFCH. Também responderemos esse ano, marchando pela universidade para mostrar que nossas vidas importam, e que apesar de não quererem, vamos impor nossas presenças na universidade. Aqui também é nosso lugar, e não no trabalho terceirizado, como quer a reitoria, que se cala frente ao racismo cotidiano que sofremos e o mantém como um dos pilares da Unicamp.

Marcharemos também contra o racismo estrutural, que nos coloca nos piores empregos dentro e fora da universidade, e que se expressa institucionalmente, por exemplo quando nos negam o direito de estudar nossa própria história com argumentos burocráticos, como já ocorreu no IFCH.

Se no ano passado, nos posicionamos com muita força contra o golpe e os ataques, porque significariam um ataque ainda maior aos negros, e conseguimos, com nossa greve histórica e ocupação, impor à reitoria de Tadeu as audiências sobre as cotas étnico-raciais na universidade, esse ano os desafios são ainda maiores com a reitoria de Knobel, que ficou em primeiro lugar na votação da consulta para reitor. Seu projeto é aprofundar ainda mais a universidade elitista e racista dos anos da gestão Tadeu, e a marcha de amanhã também será um recado para o novo reitor.

É nos exemplos que a juventude negra internacionalmente nos dá, e também os trabalhadores, como nesse 15M lutando contra a reforma da previdência, que nos apoiamos. É a força dos que autorganizados podem vencer essa sociedade e todas as misérias que ela nos reserva enquanto negros que reivindicamos e é com ela que marcharemos amanhã e convidamos a todos os estudantes, funcionários, professores e a população também de fora da Unicamp a estar conosco, às 11h com concentração no IFCH.