Algumas trabalhadoras chegaram a ir às áreas, mas se recusaram a trabalhar diante da terrível situação A paralisação seguiu pelos dois turnos do sábado. Em relatos, várias trabalhadoras disseram que a empresa está pedindo “um voto de confiança dos trabalhadores”.

Guarnieri, metroviário e cipista que atua na Subcomissão de integração da CIPA da Linha 1, comentou para o Esquerda Diário: “É uma tremenda cara de pau os chefes da Higilimp pedirem um ‘voto de confiança’ para os trabalhadores. Afinal de contas, os bancos não darão um ‘voto de confiança’ para o trabalhador que precisa pagar suas contas e sustentar suas famílias. Não é o primeira e não será a última vez que a empresa Higilimp desrespeita as leis trabalhistas. Na CIPA da linha 1-Azul inúmeras denúncias em relação aos atrasos de VR, VT, e cesta básica, falta de plano de saúde, descontos irregulares, jornadas exorbitantes e salários de miséria, já foram denunciados. E não só a Higilimp, como a Direção do Metrô são coniventes.”

Vale lembrar que em janeiro de 2014, a funcionária da Higilimp Regina da Silva Paz faleceu em uma das salas internas da Estação Santa Cruz, evidenciando as péssimas condições que essas trabalhadoras sofrem no dia a dia.

Segundo a Higilimp, o atraso é responsabilidade do Metrô, que não repassou o pagamento à empresa. Esse é um grande trunfo da empresa terceirizada e da contratante do serviço terceirizado; a culpa e a responsabilidade nunca se deve a nenhuma das duas empresas, num jogo de batata quente em que o trabalhador, já cotidianamente explorado, é que paga a conta.

O Siemaco, sindicato oficial dos trabalhadores da Higilimp, o mesmo que traiu e abandonou a greve os garis em 2014 no Rio de Janeiro, como de costume está abandonando os trabalhadores que querem lutar, até agora não organizaram a paralisação e nem uma assembleia convocaram, disseminando o medo e o terror na base dizendo que se os trabalhadores pararem sem aval do sindicato todos serão demitidos. Para Guarnieri, isso reforça a importância do Sindicato dos Metroviários se colocar na linha de frente da mobilização: “Os trabalhadores da Higilimp nada devem esperar da patronal e do seu sindicato que não faz nada por eles. Devem se manter firmes na sua luta. E precisam contar com o apoio da categoria metroviária. O sindicato dos metroviários tem uma tarefa crucial de organizar esses trabalhadores, como fez o Sindicato dos Trabalhadores da USP quando essa mesma empresa fez a mesma coisa de atrasar os salários na universidade. A direção do Sindicato deve convocar imediatamente uma assembleia dos trabalhadores da Higilimp para organizar as medidas de luta e construir medidas de solidariedade na base da categoria, exigindo o imediato pagamento dos salários atrasados e o fim do contrato com a empresa Higilimp, efetivando todos os trabalhadores com os mesmo salários e direitos que os metroviários.”

O Esquerda Diário irá acompanhar todos os passos dessa importante luta atualizando a todos os instantes novas informações.