O menino disse para a mãe que as agressões haviam sido em decorrência de uma briga de carnaval, mas após seu irmão contar a verdade, ela se dirigiu até o supermercado para entender o ocorrido.

Segundo a mãe, o garoto havia tentando sair do supermercado sem pagar pelos produtos, mas logo após ser abordado por dois seguranças tentou se dirigir ao caixa para pagá-los, no entanto os seguranças o impediram e falaram que precisavam conversar com ele em uma sala, ao se recusar a acompanhá-los, o garoto foi imobilizado pelo pescoço e pelo braço e foi chutado no nariz, na barriga e na perna quando chegou um terceiro segurança disparando com uma arma “air soft” seis vezes contra o rosto do menino, em seguida, pagou pelos produtos.

Luciana ainda disse que o filho foi agredido verbalmente, sendo chamado de favelado e malandrinho, a mulher fez uma publicação no Facebook relatando o ocorrido com fotos das agressões, por onde a notícia viralizou. A mulher ainda disse que ao cobrar explicações na loja, foi informada pelo chefe de segurança que os funcionários haviam sido afastados em, decorrência das agressões.

Após ser questionado, o grupo GPA, responsável pela rede Pão de Açúcar salientou que a equipe de segurança é terceirizada e que a conduta dos seguranças não condiz com a política da empresa. O caso foi “solucionado” com o afastamento dos seguranças e a nota demagógica da empresa, no entanto, sabe-se que este tipo de conduta não é um caso isolado e tão pouco diz respeito à má conduta de indivíduos, a prática de tratar negros sempre como suspeitos e de punir com agressões desproporcionais suas atitudes é um reflexo claro do racismo da sociedade capitalista.

Enquanto políticos da ordem envolvidos em casos de corrupção têm poder para manter seus postos, como Temer, que fez o necessário para fazer pararem as investigações contra ele, um adolescente de 16 anos não tem o direito de responder por furto de comida sem ser agredido violentamente. Esta conduta é uma prática cotidiana, principalmente em regiões periféricas nas quais se tem apenas a palavra das “autoridades” contra a dos moradores, e infelizmente por conta disso, o afastamento destes três homens não garante de forma alguma que se pare com este tipo de prática racista de violência, encarceramento e genocídio da juventude negra.