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Na segunda audiência do caso, a ex-primeira dama de Tamandaré (PE) será ouvida pelas autoridades e prestará explicações sobre sua conduta no dia do fato. Em dezembro, na primeira audiência, a defesa de Sarí tentou responsabilizar Miguel, uma criança de apenas 5 anos, pela sua própria morte.

Miguel estava aos cuidados da patroa de sua mãe quando caiu do nono andar de um prédio de luxo, enquanto sua mãe, a empregada doméstica Mirtes Renata, passeava com o cachorro da patroa. Mirtes, assim como outras milhares de trabalhadoras domésticas que não foram dispensadas em meio a pandemia, foi obrigada a ir trabalhar, mesmo com o risco de se expor ao Covid-19. E assim como muitas mães que não tem com quem deixar os seus filhos enquanto trabalham, Mirtes teve que levá-lo consigo.

"Os planos que eu fazia para o meu filho foi interrompido". Veja abaixo emocionante video postado em rede social de Mirtes Renata:

Vale lembrar que o Bolsonaro havia decretado naquele momento que o trabalho doméstico era serviço essencial; e o governador do Estado de Pernambuco, Paulo Câmara(PSB), acatou.

Sarí Corte Real pertence à elite política pernambucana, e também era primeira dama de Tamandaré (PE). Ela é casada com Sérgio Hacker que, na época, era prefeito da cidade, e que também é do PSB de Paulo Câmara.

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A patroa, presa em flagrante, pagou a fiança e desde então vem respondendo em liberdade. Mas nós sabemos que se a situação fosse inversa, Mirtes, uma mulher negra, trabalhadora e pobre, estaria presa.

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Durante todo esse tempo, Mirtes vem seguindo em uma incansável luta por justiça por seu filho. E é preciso que as organizações e os movimentos sociais da esquerda e da classe trabalhadora tomem essa luta em suas mãos, assim como também a luta por justiça por cada criança e cada pessoa morta pela violência racista, que quando não são mortas pelas balas da polícia, morrem de fome, de covid, ou pelo descaso como foi o caso de Miguel.

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A luta contra o racismo da elite escravocrata brasileira, é luta de classe, pois nós sabemos que a justiça burguesa é racista e tem classe, e o caso de Miguel é um exemplo disso: são várias arbitrariedades no processo que escancaram o privilégio da patroa e por isso sabemos que só é possível conquistar Justiça por Miguel com a nossa força, dos trabalhadores, dxs negrxs e demais setores oprimidos.

Nós do Esquerda Diário prestamos todo nosso apoio a Mirtes e sua família, sem ter ilusão nenhuma nesse judiciário racista, pois sabemos que só conseguiremos justiça por Miguel confiando apenas na força da nossa mobilização e da nossa unidade.

Justiça por Miguel!