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Caio Gabriel Vieira é mais uma vítima da brutal violência da Polícia Militar racista. Baleado no último sábado, dia 15, enquanto jogava futebol, ele tinha uma entrevista de trabalho para fazer nesta terça-feira, mas qualquer sonho seu foi destruído por tiros da PM. Tia de Caio, Maria da Conceição disse:

“Em quase todas as favelas tem acontecido covardia. Às vezes, a covardia é solucionada com a verdade e às vezes não. Infelizmente esses cidadãos de uma UPP, que é para proteger uma comunidade, fazem uma desgraça com uma família. A parede (do local onde Caio estava) está toda furada (por tiros). Foi uma execução”

“Sem justiça, sem paz!” Estas foram as palavras ecoadas pela luta negra internacional após a morte de George Floyd, principalmente nos EUA, como forma de denunciar a covarde violência e o racismo estrutural da polícia ao eliminar a céu aberto milhares de vidas negras, no caso do Brasil, em sua maioria, a juventude trabalhadora das favelas. Criadas durante o governo Lula, as UPPs são verdadeiras obras de extermínio dentro das comunidades periféricas, por elas que a Polícia Militar se vale para abastecer sua letalidade e engrossar o número de mortos e por meio delas que a milícia se instaura e dissemina raízes, produzindo terror e violência abertas. Nas palavras sensíveis de Conceição:

“Na favela não tem câmera, mas tem todos esses olhos que se tornam testemunhas de uma inverdade que estão falando. Meu sobrinho foi morto covardemente. A voz superior fica sendo de quem tem o poder, que no caso são os policiais”

Covardemente são mortos milhares de jovens pelas mãos da polícia burguesa, que serve aos interesses de governos assassinos e a discursos da extrema direita, como prega Jair Bolsonaro quando diz “bandido bom é bandido morto”, Witzel em “atirar na cabecinha” ou Dória (um farsante de “oposição” e “político racional”) quando afirma que sua polícia ia “atirar para matar”.

A “voz superior” como diz Conceição tem de ser a voz dos trabalhadores explorados e do povo negro oprimido violentamente pela polícia! Aqui reivindicamos a abolição da Polícia enquanto instituição estatal, servidora da propriedade privada, dos interesses imediatos da burguesia e dos governos, bem como brilhantemente levantaram as vozes de manifestantes do movimento “Black Lives Matter” em suas gigantescas manifestações neste ano.

Nós do MRT, reivindicamos que a saída não pode ser “humanizar” a polícia, como quer setores da esquerda, tomamos como exemplo o PSOL que permite policiais “progressistas” entrarem no partido, ou quando Freixo reivindica melhores condições para a polícia exercer seu “trabalho”, pois isso implica não entender a função classista dela enquanto um braço armado do Estado e estrategicamente organizado para defendê-lo. Um organismo estatal historicamente racista e eletista, usado para reprimir greves, produzir torturas e mortos no regime militar e matar os jovens das periferias deste país, atualmente ainda mais estimuladas pelo governo Bolsonaro e sua corja de militares no poder, haja visto o número enorme de operação dentro das favelas em plena pandemia.

Exigimos Justiça à Caio Gabriel, exigimos punição imediata de militares assassinos por juris populares, chamando a que sindicatos, organizações, movimentos sociais impulsionem-los e não deixem nas mãos de tribunais militares que herdam os crimes mais horríveis da Ditadura e que não representam o povo pobre. Não aceitamos que este governo ofereça somente as escolhas das periferias morrerem pela fome do desemprego, pelo vírus ou pelas armas das UPPs. A luta antirracista também se forja na luta anti polícia e pela abolição desta instituição! Por todos os Caios, Marielles, Ágathas, Joãos Pedro, exigimos justiça e prestamos solidariedade às famílias e amigos que sentiram vidas próximas tiradas pelas mãos da PM.