Marília Rocha, operadora de trem do Metro de São Paulo demitida política da greve de 2014 coordenou o Encontro e deu início saudando os presentes que vieram de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e outros estados. Antes de iniciar, foi apresentado o novo livro das Edições ISKRA chamado "A revolução e o negro", uma compilação inédita de textos trotskistas sobre a questão negra.

Diana fez uma breve introdução ao Encontro contextualizando a situação brasileira que é marcada por ajustes, impunidade e resistência operária e da juventude. Comparou as eleições no Brasil e na Argentina colocando que o único caminho a ser construído era o de independência política de ambas alternativas burguesas, que mesmo os candidatos do que é chamado de " mal menor" terminam implementando os planos de ajustes que a crise econômica internacional impõe, como é o caso do governo do PT no Brasil com Dilma Roussef a frente. Diana citou os inúmeros exemplos de resistência operária como as greves e luta das fábricas como Volkswagen e Mercedez, as grandes greves de professores como a emblemática no Paraná, a greve de Correios e dos bancários, as lutas dos trabalhadores da USP contra o desmonte da universidade, a histórica greve petroleira e atualmente, do ponto de vista da juventude, a ocupação de mais de 200 escolas em São Paulo para impedir o plano de fechamento das escolas por parte do governo Alckmin. Diana pontuou que não podemos perder tempo e não podemos perder nenhuma oportunidade pra confluir com estes setores, e por isso a experiência na Argentina é importante pra pensar o caminho pra se construir uma alternativa no Brasil.

Nicolas del Caño saudou em primeiro lugar os estudantes secundaristas presentes no Encontro e começou explicando o cenário atual na América Latina, onde há um choque das burguesias com o movimento de massas pra descarregar a crise nas costas dos trabalhadores, da Juventude e das mulheres. Que a vitória de Maurício Macri na Argentina expressa um giro à direita importante não somente no seu país mas pra toda a América Latina e que ele já podia aprender da experiência brasileira que estes ajustes não vão ocorrer sem resistência. Mas para isso é necessário buscar que a atividade parlamentária seja uma fusão com a intervenção na luta de classes e que seja parte de uma preparação de uma esquerda enraizada no movimento operário, nas fábricas e que principalmente esteja de corpo nas lutas, pra não ser testemunha, mas uma alternativa que de fato possa ser abraçada por toda essa vanguarda que desponta nos processos de luta.

Nicolas contou uma serie de experiências, como por exemplo a experiência da multinacional LEAR que significou cerca de 9 meses de resistência. Contou também que ele não era um candidato apenas, mas parte de mais de mil candidato operários, jovens e mulheres que foram expressão de uma força orgânica. Que nos vídeos eleitorais expressava uma visão de que o capitalismo não vai mais e que é preciso avançar para um governo dos trabalhadores.

Do plenário várias intervenções expressaram os processos de luta que estão ocorrendo no Brasil em diálogo com a falta que faz uma esquerda como a que expressa Nicolas del Caño. Mais de 10 secundaristas, de diversas escolas, vieram saudar a atividade e chamar o apoio ativo pras ocupações em curso. Jéssica Antunes, atual diretora do Centro Acadêmico de Letras da USP ressaltou que na Argentina os estudantes do PTS foram um fator fundamental na luta da LEAR e que é uma juventude assim que queremos construir no Brasil, também fazendo um chamado a que os centros acadêmicos da esquerda impulsionem um movimento nacional de resistência aos ajustes em especial de ataque à educação.

Pablito Santos, diretor do Sintusp e Leandro Lanfredi, petroleiro expressaram a necessidade de enfrentar a burocracia sindical que hoje tem atuado de forma consciente para derrotar, isolar e conter cada luta que começa a se enfrentar com o governo. Ressaltaram que para isso é necessário construir um verdadeiro movimento nacional contra os ajustes e que a batalha que viemos dando para que o PSOL rompa com a Frente Povo Sem Medo é porque não é possível enfrentar o ajuste estando ao lado do PT e da CUT nesta frente. Neste sentido, a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores na Argentina é um enorme exemplo.

Diana encerrou também apontando que um movimento nacional contra os ajustes deveria impedir a separação entre o econômico e o político e avançar para que os trabalhadores também comecem a responder a crise política no país, se apropriando de experiências da Argentina que atacam diretamente os privilégios dos políticos. Para isso seria necessário lutar por uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela mobilização das massas, para acabar com o problema que é esta casta política corrupta. Lutar contra os ajustes, pelos direitos democráticos das mulheres e também contra as grandes tragédias capitalistas como a de Mariana, em Minas Gerais. Diana ressaltou que neste processo os próprios trabalhadores teriam que se enfrentar com os limites de democracia burguesa e colocar de pé organismos de poder rumo a um governo dos trabalhadores.

Nicolas retomou que a vitória de Maurício Macri coloca a necessidade de que a esquerda seja um eixo ordenador dos processos de luta e resistência e de que, como parte desta atuação, construir também uma verdadeira ferramenta revolucionária da classe operária. Nicolas apresentou o Esquerda Diário como uma rede latino americana e internacional a serviço desta tarefa para confluir com os setores que resistem aos ajustes e que querem ir por mais decidindo avançar na luta por um outro tipo de sociedade sem explorados e exploradores.

Nicolas del Caño encerrou o Encontro falando sobre a importância do internacionalismo e da troca de experiências entre Argentina e Brasil. E desta forma de construir uma esquerda revolucionária que seja uma alternativa política capaz de enfrentar os ajustes e ataques aos trabalhadores e ao povo que estão colocados para os dois países, para além de suas fronteiras.

Ao final, centenas de jovens e trabalhadores tiraram uma foto junto com Nicolas chamando a lutar contra os ajustes no Brasil e na Argentina.