Na última segunda (19) a Procuradoria Geral da República encaminhou ao STF os acordos de delação dos 77 executivos ligados à Odebrecht. No mesmo dia a empresa publicou um comunicado onde admite: "Desculpe, a Odebrecht errou", se referindo a "métodos inapropriados" evidenciados pelos esquemas de corrupção em que é apontado o envolvimento da empresa, que se compromete a mudar.

A declaração comoveu e arrancou elogios de Sérgio Moro. O juiz não só considerou "louvável" a postura da empresa, como aceitou tirar da prisão dois de seus executivos ligados ao "departamento de propina". A soltura de Olívio Rodrigues Júnior e Luis Eduardo Soares eram parte dos acordos de delação.

Ao mesmo tempo que aplaude a empresa por prometer mudar suas práticas corruptas, Moro cumpre o acordo de liberdade dos executivos corruptos. Este é mais um exemplo como o objetivo da Operação Lava Jato não é acabar com o desvio de dinheiro público, ou combater a falta de ética na relação entre políticos e empresas.

Manobrando em discussões com seus pares empresarias, a República de Curitiba conseguiu burlar a Constituição de 1988, onde se diz que todo o dinheiro recuperado em casos de corrupção deve retornar à parte lesada, e agora embolsa até 20% de todo o valor das delações.

As delações premiadas são a própria empresa privada do Judiciário para enriquecimento de juízes e procuradores, que conforme denunciamos recebem parte do dinheiro das leniências que ficam com a procuradoria. Com o nome do presidente ilegítimo Michel Temer aparecendo novamente nos últimos acordos de delação recebidos, essa se torna também uma ferramenta de pressionar por ataques mais duros.