Os ministros do governo golpista de Michel Temer além de serem conhecidos por serem citados na operação Lava Jato, também são pródigos em expressar o machismo. A última polêmica veio com a declaração feita pelo ministro da saúde, Ricardo Barros, nesta quinta-feira, 11 de agosto, em evento público para lançamento de dois guias de saúde: voltado para os pacientes contendo informações básicas para incentivar o cuidado da saúde e sobre os diretos do homem e das gestantes, e o outro direcionado aos agentes comunitários de saúde.

Após a apresentação de uma pesquisa feita pela ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS), o ministro foi questionado sobre os possíveis motivos que levaram 31% dos homens entrevistados a dizerem que não tinham o hábito de ir às unidades de saúde para se prevenir de doenças. Em resposta, o ministro afirmou que "Homens trabalham mais, por isso não acham tempo para cuidar da saúde", e que são os provedores da maioria das famílias e não acham tempo para se dedicar à saúde preventiva.

Entretanto, vale ressaltar que o levantamento feito em 2015, por telefone, com 6.141 homens cujas parceiras fizeram parto no SUS, não fazia a comparação em relação às mulheres. Além disso, a opinião do expressada pelo ministro contraria dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostraram, já em 2004, as mulheres trabalhavam quatro horas a mais que os homens por semana, quando se soma a ocupação remunerada e o que é feito dentro de casa (não remunerada, conhecida também como dupla-jornada).

Dados de 2014 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) revelam que a dupla jornada feminina passou a ter cinco horas a mais, enquanto os homens, nestes últimos dez anos tiveram a decréscimo de, aproximadamente, duas horas e meia em suas jornadas fora de casa, e a de dentro de casa permaneceu em 10 horas semanais.

A declaração ignorante do Ministro da Saúde reforça o machismo arraigado na sociedade, sendo que esta forma opressiva, utilizada como pilar do sistema exploratório, divide a classe trabalhadora e abre uma competição pelas vagas de trabalho que restam, devido o aumento no número de demissões, como mostrado aqui. Além disso, a maior procura das mulheres pelas questões de saúde pode estar associada aos trabalhos precarizado, dos quais elas são a maioria, que acarretam em problemas de saúde mais críticos e de maior amplitude quando comparado com os trabalhos dos homens.

É evidente que devamos incentivar os homens a buscarem assistência médica preventiva, mas é necessário que esta assistência seja pública, de qualidade e de acesso à todos, coisa que há anos não ocorre no país, já que desde o governo do PT a saúde sofre com cortes orçamentais, hoje cada vez maiores no governo golpista.