Na primeira denúncia contra o presidente do Congresso, Renan Calheiros, na Operação Lava Jato, formalmente acusado de corrupção passiva pelo recebimento de R$ 800 mil, em 2009, o procurador-geral da República Rodrigo Janot destacou que o peemedebista e seu antigo aliado, o deputado Aníbal Gomes (PMDB/CE), "com vontade livre e consciente, comunhão de desígnios e divisão de tarefas, ocultaram e dissimularam, em favor do primeiro (Renan), a origem, a disposição e a movimentação desses recursos".

Na avaliação de Janot, a circulação de valores incluiu o Diretório Nacional e Comitês do PMDB. Segundo o procurador, Renan se valeu da "interposição de pessoas físicas e órgãos diversos de pessoa jurídica, do Diretório Nacional e dos Comitês do PMDB por onde transitaram os recursos, e a mescla com valores lícitos, em operações distintas". "Essa mistura de ativos ilícitos com outros constitui mais uma modalidade independente de lavagem de valores denominada commingling (mescla)", destaca Janot.

O procurador atribui a Renan corrupção passiva (por duas vezes) e lavagem de dinheiro, em dez operações. A denúncia envolve ainda o deputado Aníbal Gomes e o empresário Paulo Twiaschor, este por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Esta nova denúncia do MPF contra Renan acontece menos de uma semana depois de que o mesmo MPF pediu urgência na tramitação do inquérito sobre o envolvimento de Renan em desvios em Belo Monte, além de ter se tornado réu em outro inquérito. Depois dos vazamentos da delação da Odebrecht essas novas denúncias recolocam a Lava Jato na ofensiva contra Renan que havia conquistado sua permanência em seu cargo de presidente do Senado.