Segundo pesquisa realizada pela FIEPE, 85,54% das plantas apresentam queda no faturamento e metade das indústrias pretendem demitir nas próximas semanas e meses. Ainda segundo a pesquisa, foram tomadas uma série de medidas para “aliviar” os efeitos da crise. É claro que as medidas tomadas aliviam os efeitos da crise para os patrões e não para os trabalhadores que tem seus direitos e renda restringidos. Não por acaso, grande parte das medidas são apoiadas pela MP da Morte do Bolsonaro, como antecipação de férias e reeducação da carga horária. A construção civil (28,4%) e a indústria de bebidas (17,4%) são as que mais vem aderindo a esse tipo de medidas.

Na crise política que se expressou durante a pandemia, entre Bolsonaro com uma linha negacionista que buscava o fim do isolamento social em nome dos lucros e a linha dos governadores que defendem, demagogicamente, o isolamento social como medida em si, sem testes, sem EPIs para os trabalhadores da saúde, com sistema de saúde superlotado, a FIEPE parece estar mais para o lado da linha bolsonarista, como podemos ver na declaração de Maurício Laranjeira, Relações Públicas da FIEPE:
"Temos feito conversas com o governo do estado, mas falta uma previsibilidade, algo mais concreto para que possamos fazer um planejamento deste retorno, que deve ser algo muito bem feito e envolver todos. O governo se propôs a conversar conosco, mas sentimos falta de uma maior celeridade"

O presidente da FIEPE Ricardo Essinger, adota um tom tão mais demagógico quanto obtuso, mostrando de fundo como as demissões prometidas são parte de uma chantagem, a “única saída”, para pressionar por abertura, diferenciando-se apenas nas palavras do negacionismo de Bolsonaro.
“Embora importante para não alastrar a doença, o isolamento mais rígido anunciado esta semana impõe um modelo de logística que não estamos preparados para absorver neste momento de crise”.

Pela autoorganização dos trabalhadores para uma saída para enfrentar a crise que não signifique demissões, perda de renda, fome e mortes para os trabalhadores, não vira do alto, de nenhum desses governos e patrões e nem dos sindicatos burocráticos que durante a pandemia, quando os trabalhadores mais precisam deles, deram uma inexplicável trégua na luta. Portanto, é preciso que os próprios trabalhadores organizem reuniões, atos presenciais, tomando as devidas medidas de segurança (como máscaras e distanciamento), e virtuais, como no primeiro de maio, e todo tipo de solidariedade com aqueles que estão na linha de frente do combate à pandemia, para salvar empregos, renda e vidas.