Roberto Jefferson, presidente do PTB, soltou uma live no dia de ontem, acusando Rodrigo Maia de "golpe parlamentarista". Segundo ele, Maia estaria levando adiante uma PEC para se manter eternamente com líder na Câmara de Deputados. A PEC 101/2003 permitiria a reeleição do Senado e da Câmara, e os políticos do centãro já estão de olho na cadeira de Rodrigo Maia, que terminará o mandato em janeiro de 2021.

Jefferson é notório corrupto e figura central do caso do mensalão, e foi entrevistado por Oswaldo Eustáquio, ligado à rede de portais de direita que inclui Terça Livre, Gazeta do Povo e outros sites que notoriamente liberam notícias falsas à favor do governo Bolsonaro. Terminada a Live, Jefferson sinalizou seu apoio à Bolsonaro postando com a hashtag #fechadoscomBolsonaro no Twitter.

A "entrevista" apareceu ontem na live do próprio Bolsonaro, que assistiu sentado na poltrona. Bolsonaro abriu sua base de apoiadores de extrema direita para que Roberto Jefferson pudesse falar. Em troca, Jefferson ataca Rodrigo Maia em sua live.

Graças ao compartilhamento de Bolsonaro, a Live de Jefferson alcançou 1,5 milhões de visualizações no total no Youtube. Isso ocorre também graças à memória seletiva dos seguidores de Bolsonaro, que se apropriaram do bordão "contra a corrupção" mas escolheram como alvo a corrupção do Partido dos Trabalhadores, somente. Para os #fechadoscomBolsonaro, a corrupção dos militares durante a ditadura ou a corrupção de seus políticos está tudo bem - todos esqueceram de Fabrício Queiroz, "grande amigo" de Flávio Bolsonaro.

Jefferson é parte dos políticos corruptos que hoje exercem a vida política graças ao judiciário: figura central no caso do Mensalão, Jefferson se safou delatando quem o nome daqueles que o judiciário queria. Isso suavizou sua sentença de 10 anos de condenação, e hoje, como sabemos, Jefferson não só preside o PTB como ainda tem relação direta no ministério do Trabalho - o que lhe permitiu inclusive seguir na mesma, com escândalos não investigados durante o governo Temer. Jefferson segue aí por inúmeros conchavos e por causa de uma delação premiada - ferramenta preferida de Sérgio Moro para oferecer, por um lado, o perdão aos corruptos e, por outro, julgamento político contra os seus adversários com acusações sem provas suficientes como foi o caso que tirou Lula das eleições de 2018.

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Jefferson foi linha de frente no combate contra o impeachment de Collor e acumula outros podres em sua ficha. Vendo Bolsonaro isolado do parlamento, se oferece para acudir ao presidente golpista - em troca, recebe apoio da base de extrema direita, com os deputados do PSL da ala Bolsonarista reivindicando sua "denúncia" contra Maia. Se maia soube seguir a organização do mesmo velho esquema da Câmara de Deputado - com a velha troca de votos em projetos contra o povo por emendas parlamentares - Jefferson está apostando na troca de seu apoio a Bolsonaro para poder ele mesmo, talvez no futuro, gerenciar esta máquina de corrupção em favor da tropa bolsonarista.

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