Não foram poucas as correntes do whatsapp apresentando Bolsonaro como aquele que impediu a 3ª Guerra Mundial, seja como reivindicação dos bolsonaristas ou como meme debochado. Sua justificativa de manter a visita a Rússia enquanto escalava o conflito, o levou a homenagear soldados soviéticos que combateram Hitler como parte de uma distorção histórica arquitetada por Putin, para se apoiar nas distorções do stalinismo e justificar seu avanço bélico.

Mas não só de fertilizantes e homenagens humilhantes para o pretenso cabeção da extrema-direita latino-americana foi feita esta viagem, mas também de tratativas militares com o General Braga Netto, Ministro da Defesa do Brasil na comitiva, e do encontro entre os chanceleres dos dois países, demonstrando um alinhamento militar no conflito que escalava.

Durante a manhã de hoje, Bolsonaro, foi falar com seus fãs e conseguiu fazer um pronunciamento de 20 minutos sem tocar nas palavras “guerra”, “Ucrânia”, “Putin”, “Rússia” ou qualquer uma destas variantes, enquanto o seu vice, o racista General Hamilton Mourão, se apressa para afirmar que o apoio à Putin não é a posição oficial do governo e o Itamaraty espera orientação de Bolsonaro, levando adiante a busca por um realinhamento com o imperialismo estadunidense, agora sob governo de Biden, que junto à Alemanha e França na OTAN aprova sanções criminosas que atingirão os trabalhadores e o povo pobre da Rússia e do leste europeu.

Cômico se não fosse profundamente previsível, a posição de apoio silencioso à Putin de Bolsonaro encontra variações de tom inclusive naqueles que falsamente se proclamam comunistas, com a defesa injustificável da Rússia feita por figuras do stalinismo brasileiro contemporâneo como Jones Manoel do PCB, ou o próprio PCdoB. A oposição à OTAN e ao imperialismo ocidental, suas sanções e escaladas militares - posição nada mais que elementar ao se observar o teatro da luta de classes mundial - não pode significar o apoio à política assassina de Putin para garantir seus interesses econômicos e melhor localização estratégica. É necessário batalhar pela mobilização da classe trabalhadora para dar uma resposta à guerra, por uma Ucrânia independente, proletária e socialista - definitivamente impossível nas mãos de Putin ou do imperialismo da OTAN.