"A Itália se tornou um exemplo da catástrofe, à qual fomos arrastados pelas políticas de um governo a serviço das grandes indústrias e dos bancos."

Diante da pandemia do Covid-19, a Itália se tornou um dos países mais atingidos no continente Europeu, com mais de 204 mil casos confirmados e quase 28 mil mortos. Com o colapso do sistema de saúde, decomposto por décadas de neoliberalismo, o país foi submetido a uma quarentena militarizada e policialesca. O isolamento imposto com repressão nas ruas imediatamente passaram a contrastar com a continuidade das contaminações, promovidas pelas medidas governamentais e empresariais que privilegiaram o lucro acima da vida.

"No epicentro do contágio, na Lombardia, a cidade de Bérgamo se tornou o foco de um massacre capitalista promovido pelos proprietários industriais, que pressionaram para manter as indústrias abertas, causando assim uma difusão sem precedentes do vírus e um aumento das mortes"

O primeiro-ministro Giuseppe Conte exigiu o encerramento de todas as "atividades não essenciais", mas, sob pressão do grande empresariado, abriu uma série de brechas às indústrias dos principais polos produtivos do país. A atividade foi mantida não só para os fabricantes de armamentos e aeronáutica, mas também em eletrodomésticos, na indústria pneumática, em grande parte do setor têxtil, na construção de obras públicas e em boa parte do setor mecânico, metalúrgico e siderúrgico - tudo sob as mais precárias condições de segurança diante do vírus.

"a luta dos trabalhadores começou a romper esta ofensiva reacionária. Os trabalhadores, com os metalúrgicos e os transportadores à frente, com mobilização e greve selvagem, transformaram a raiva em luta. Se os postos de trabalho não foram reabertos em massa imediatamente não foi graças ao governo, mas graças à luta dos trabalhadores"

A farsa da quarentena - a obrigação da reclusão domiciliar para uma parte da população, enquanto outra se encontrava obrigada a permanecer trabalhando nas fábricas completamente contaminadas - imediatamente atiçou um amplo processo de protestos nos locais de trabalho e greves, que irromperam desde o descontentamento da base, passando por cima das direções sindicais tradicionais. Estas últimas se viram obrigadas a chamarem uma greve geral no dia 25 de março, onde exigiu-se o fechamento dos locais de trabalho que não conseguirem garantir condições plenas de segurança para os trabalhadores (com dispensas remuneradas), assim como o abastecimento de equipamentos adequados e EPIs para os trabalhadores industriais e da saúde.

A Frazione Internazionalista Rivoluzionaria esteve acompanhando ao lado dos trabalhadores cada uma dessas lutas, levantando um programa pró-trabalhadores, contra a lógica gananciosa do Estado, das indústrias e das burocracias conciliadoras, e exigindo a formação de comitês de higiene e segurança compostos por trabalhadores em cada fábrica, para que os trabalhadores decidam se é possível produzir e o que é necessário produzir. Estas e outras batalhas podem ser encontradas no La Vocce della Lotte, uma mídia classista que faz parte da Rede Internacional de diários virtuais La Izquierda Diario, impulsionada na Itália pela FIR.