Amarildo tinha saído de casa para comprar alho e limão para temperar os peixes que havia pescado, era 14 de julho de 2013, quando a polícia do Rio de Janeiro desapareceu com o pedreiro após levá-lo para um interrogatório na UPP da favela da Rocinha.

O nome do pedreiro ecoou por todos os cantos do Brasil em gritos de “onde está o Amarildo?”. Foram várias manifestações pelo país que denunciavam a responsabilidade do Estado e da Polícia Militar no desaparecimento do morador da Rocinha.

Desde o desaparecimento de Amarildo, a família assistiu ao desenrolar do que seria não mais um caso de desaparecido, mas, assim como tantos outros, um caso de assassinato cometido pela polícia nos morros e favelas cariocas. Foram condenados 12 dos 25 policiais militares por tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual.

Após três anos de sua morte, o governo do Estado do Rio foi condenado a indenizar a família do pedreiro em R$ 3,5 milhões (R$ 500 mil para cada um de seus filhos e companheira), além de uma pensão de uma salário mínimo por mês para Elizabete. Porém, depois de cinco anos, a família segue na Justiça para conseguir receber a indenização.

Além da dor da morte de Amarildo, o corpo do pedreiro não foi encontrado até hoje. "Eu espero que eles paguem pelo que eles fizeram. Que a gente pelo menos receba indenização do Estado. Porque foi o Estado que errou", diz Elizabete.

Amarildo é mais um dos tantos negros e pobres assassinados pelo Estado e pela polícia no país. A morte dele, assim como de Claudia, Marielle e tantas outras, é a face assassina do Estado e de sua polícia, mas também é a face da impunidade. Como no caso da vereadora do PSOL assassinada, apenas uma investigação independente pode responder a tantos assassinatos, tendo em vista que os responsáveis são os mesmo que acobertam as mortes.