O relatório feito pelo senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) da Comissão Especial de Impeachment do Senado, que indicava que o processo de afastamento da presidente deve ser levado adiante, foi levado à votação no plenário da casa, resultando em uma expressiva derrota de Dilma e do PT, com 59 votos favoráveis ao relatório, 21 contrários e nenhuma abstenção.

Com a aprovação do relatório, a próxima e última fase do processo de impeachment é o julgamento pelo plenário do Senado, previsto para o fim do mês.

Antes da votação, os senadores petistas e seus aliados procuraram, por meio de medidas preliminares à votação do relatório, argumentar contra a possibilidade dos senadores avaliarem seu mérito, valendo-se de argumentos como o de que as contas de 2015 do governo Dilma ainda não foram analisadas pelo Tribunal de Contas da União, ou ainda de que o relator pertencer ao PSDB, partido diretamente interessado na derrubada de Dilma. As considerações, evidentemente, foram rechaçadas pelo plenário pelo mesmo placar da votação final.

Uma votação que expressa a derrocada petista frente ao golpe

A ampla diferença de votos entre os favoráveis ao relatório de Anastasia e os contrários - quase o triplo de votos - é uma expressão incontestável da consolidação do golpe institucional aplicado pela direita e que levou Temer ao governo.

Se ainda havia setores do petismo que publicamente alimentavam a ilusão - na qual nem eles mesmos acreditavam - de que era possível reverter a votação da Câmara dos deputados e da Comissão Especial de Impeachment numa votação no plenário do Senado, agora esse discurso mostrou a todos sua completa farsa. Não será de surpreender, contudo, quando vermos ele ser ridiculamente mantido pelos petistas e suas lideranças diante da mídia e de sua base - cada vez menor, por sinal.

Uma aceitação do golpe preparada por muito tempo

O discurso petista de que "é possível reverter" o golpe por meio da votação dos parlamentares esteve sempre combinado com sua movimentação de não preparar e mesmo desarmar qualquer tentativa de resistência séria por fora do parlamento, por meio de paralisações, greves ou qualquer iniciativa independente dos trabalhadores - o que representaria a única forma efetiva de combater o golpe institucional.

Todas as suas convocações para mobilizações foram puramente "para inglês ver", e, conforme as centenas de milhares que compareceram aos primeiros atos foram vendo o golpe se consolidar e a falta de uma organização séria para a luta, os próprios atos "para constar" do petismo foram se esvaziando.

Isso faz parte da estratégia de um partido que, em primeiro lugar, fez todas as alianças possíveis e imagináveis com a direita em nome de uma suposta governabilidade, que, ao invés de garantir qualquer avanço nos direitos dos trabalhadores, dos explorados e oprimidos, só fez avançar os postos das bancadas evangélicas, dos ruralistas etc. Isso se complementa com a falta de resistência ao golpe e à perspectiva do PT de agora aparecer como uma "oposição responsável" para tentar voltar ao poder em 2018, por meio das eleições e costurando um novo arco de alianças tão ou mais podre do que aquele que preparou o golpe institucional.

Aos trabalhadores e os oprimidos, é fundamental seguirmos uma luta independente contra o governo golpista que se consolida a cada dia mais no poder, contra seus ataques e por uma estratégia independente de luta para colocar de pé uma Assembleia Constituinte onde possamos colocar nossa voz e dizer quais são as soluções que queremos contra esse regime político apodrecido dos patrões.