Após 23 dias de sumiço, a esposa do ex-assessor de Flávio Bolsonaro, suspeito de comandar esquema de ’rachadinha’, reaparece magicamente para ir direto cumprir prisão domiciliar junto ao esposo. Na quinta-feira, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, concedeu o habeas corpus para Queiroz e Márcia, sendo esta a explicação da reaparição repentina.

Enquanto o judiciário brasileiro prende aos milhares e milhares os mais pobres, em sua maioria negros, em nosso país, o STJ, que nega prisão domiciliar a foragidos em mais de 95% dos casos, concedeu-a para este casal privilegiado, após, literalmente, fugirem e se esconderem. Acusados de estarem envolvidos no desvio de milhões dos cofres públicos por lavagem de dinheiro, tendo ligações diretas a influentes políticos, e ligações indiretas a organizações criminosas, como as milícias cariocas, e que em liberdade se valia dessas relações para obstruir a justiça, o STJ julgou que este caso seria uma exceção e que mereceriam não cumprir regime fechado.

O próprio Noronha já negou o benefício a outros presos provisórios, como idosos e grávidas que também alegaram problemas de saúde e a pandemia em seus habeas corpus. A prisão domiciliar concedida ao casal, se baseou em recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Este tratamento diferenciado torna-se ainda mais absurdo quando é trazido à tona que a população carcerária no Brasil triplicou em 20 anos, sendo que destes, mais de 40% estão presos sem julgamento, ou seja, irregularmente conforme os ditames da lei.

É clara a diferenciação no tratamento do judiciário e da polícia com as diferentes raças e classes sociais. Na favela, a polícia invade casas de inocentes e assassina até mesmo crianças. Com políticos foragidos, concede privilégios como prisão domiciliar.

Por tudo que foi dito até aqui, pode-se concluir que a justiça no Brasil tem lado e interesses muito bem determinados. Sendo esta uma justiça racista e elitista, que julga de forma absolutamente arbitrária, concedendo privilégios aos ricos e a casta política, e encarcerando sem pestanejar, os pobres e negros.