Há alguns anos vemos uma onda de imigração que está mudando bastante a cara de São Paulo. Fazem parte dessa onda membros de nações destruídas por guerras imperialistas, como a Síria, outros são membros de países com povos perseguidos historicamente pelos EUA, em especial o povo haitiano.

Há alguns anos, o terremoto que destruiu esse pequeno país da América Central serviu como desculpa para ainda mais violência estrangeira no Haiti, com todo o apoio do governo do PT e as suas tropas da Minustah que são uma força tarefa por "paz" liderada pelo Brasil. Apesar de dizer que era um governo que lutaria contra o racismo, em 2007, durante a gestão de Lula, essas tropas foram enviadas para lá como uma suposta ajuda humanitária, mas que tipo de ajuda humanitária há no envio de soldados a um país que precisa de engenheiros, médicos, professores, enfermeiros, nutricionistas?

No último mês o país foi atingido pelo furacão Matthew, que causou a morte de mais mil pessoas, número que pode aumentar devido a possibilidade de uma epidemia de cólera gerada pela contaminação das águas. Com o golpe no Brasil e o governo golpista de Temer, podemos saber que não apenas será política do Estado manter as tropas lá, como foi política do PT, mas provavelmente tentar aumentar a opressão e as restrições aos haitianos que buscarem o Brasil em ainda maior quantidade para reerguer suas vidas.

A questão que deve ficar na mente de todos os trabalhadores e jovens negros do mundo é: porque fenômenos “naturais” como esses fazem tamanha destruição em um país? Seria isso realmente culpa do capitalismo?

Evidentemente. Após a vitoriosa revolução negra que ocorreu nesse país a partir da luta contra as moléstias da escravidão, todos os países poderosos do mundo lançaram esforços para oprimir e calar em sangue a perigosa voz revolucionária que ecoava do Haiti de Toussain L’ouverture. O caos fruto do terremoto e do furacão representam a pobreza a que chegou o país depois de tantas investidas burguesas para calar esse povo revolucionário.

Aqui do Brasil, os trabalhadores devem dizer: toda solidariedade ao povo haitiano, fora as tropas brasileiras do Haiti! Em nossos sindicatos, podemos e devemos organizar medidas de solidariedade, como a que já foi organizada pelos trabalhadores da USP aos refugiados haitianos, e mostrar que a classe interessada em destruir o racismo é a classe trabalhadora.