Durante a tarde desta quinta feira, 27 de Agosto, foi lançado um manifesto impulsionado pelos deputados do PSOL Chico Alencar, Ivan Valente, Jean Willys e Edmilson Rodrigues exigindo a saída do presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O documento é assinado até o momento por 35 deputados de partidos como o PSOL, PT, PSB e PPS.

O manifesto intitulado "Em defesa da representação popular" é divulgado após o presidente da câmara dos deputados ter sido denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro pela Procuradoria Geral da República. A denuncia no STF envolve propinas que superam os R$ 5 milhões e chantagem a empresários por propinas atrasadas.

O manifesto coloca a incompatibilidade das práticas de corrupção de Eduardo Cunha com a sua continuidade no cargo da presidência da câmara dos deputados. O manifesto conclui colocando que "A responsabilidade do dirigente maior de uma das casas do Poder Legislativo é incompatível com a condição de denunciado. Em defesa do Parlamento, clamamos pelo afastamento imediato de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara dos Deputados".

O manifesto chama a atenção em 2 questões de conteúdo que se ligam. Primeiro, é que afirma que as acusações de corrupção e de lavagem de dinheiro são "incompatíveis" com a responsabilidade de “dirigente maior”, mas não da posição de deputado. Essa questão se liga diretamente à segunda: a composição dos deputados assinantes. Se bem o manifesto é iniciativa dos deputados do PSOL, a maioria dos que assinam são do Partido dos Trabalhadores e outros como PMDB, PSB e PPS.

As questões se ligam: a exigência é meramente de afastar Cunha da presidência da Câmara dos deputados, mas não questiona seu papel como deputado e não vai além disso num questionamento do seu papel e de como responder à crise política mais profundamente.

A obscura figura de Eduardo Cunha tem representado na opinião pública o que há de reacionário e antidemocrático no mundo da política brasileira. O possível afastamento da presidência da Câmara, se apresenta como uma possibilidade de distender momentaneamente a crise política do governo e em geral da classe política e gerar condições para uma possível estabilização e avanço dos ajustes.

Afastar Eduardo Cunha da presidência e da possibilidade de continuar aprovando leis hostis aos trabalhadores, mulheres e a juventude negra, é uma medida que parece caminhar no sentido progressista, contra a corrupção e contra os ataques. A realidade é que a corrupção e a retirada de direitos dos trabalhadores, as mulheres e a juventude supera a figura de Eduardo Cunha e permeia um amplo espectro que envolve todos os principais partidos do regime político.

Não podemos nos limitar a saída de Cunha da presidência da Câmara e nem mesmo ao seu papel como deputado, ainda que claro que este reacionário corrupto tem que ser punido. Mas este deve ser somente um pequeno passo como ponto de apoio para fortalecer a luta dos trabalhadores por transformar pela raiz esse regime político. Para nós, como desenvolvemos nesse artigo, isso passa pela luta por uma Assembleia Constituinte livre e Soberana, que precisa ser um norte político do conjunto das forças anti-governistas, começando pelo PSOL e o PSTU