Fotografia Ocupa Alemão

Moradores relatam que ainda de madrugada começaram os tiros que duraram o dia todo, impedindo que as crianças pudessem ir à escola no primeiro dia do ano letivo, e à tarde era possível esbarrar com policiais subindo a pé pelas ruas da comunidade.

A violência das ações da polícia é uma realidade que os moradores tem que se deparar cotidianamente, que afeta as crianças que não podem sair de casa ou estudar e os trabalhadores que não podem faltar ao trabalho mesmo com o risco que correm ao sair de casa. O Estado utiliza a justificativa de combate às drogas para continuar matando e encarcerando a população pobre e negra das favelas.

Não há um só dia que não haja mortes, repressão e abusos dentro das favelas. O projeto de pacificação da favelas vem dando mostras que é um projeto de extermínio e violência desde a explosão do caso de desaparecimento do pedreiro Amarildo e de lá pra cá inúmeras situações de violência veem sendo noticiadas. Se antes ainda havia a esperança dos moradores que pela via da UPP eles teriam sua dignidade e cidadania garantida, hoje eles já conseguem perceber a falácia do Estado.

A favela não sofre só com a violência policial mas também com o descaso do poder público na garantia dos direitos mínimos como educação. Hoje, no dia que seria a volta às aulas, não foi somente a ação da polícia que impediu a ida das crianças à escola mas também a falta de professores na rede pública de ensino. Ou seja, a violência do Estado vem tanto descarada com arma na mão, quanto velada quando não garante à população mais pobre o acesso ás políticas públicas como educação e saúde!