Dias Toffoli tinha como chefe de seu gabinete um general que saiu do Estado Maior do comandante Villas Boas para presidir o seu staff. Ele "perdeu" seu comandante para ele se tornar ministro de Bolsonaro, e agora Toffoli quer um novo general para ser seu braço direito.

Comandava o gabinete de Toffoli o general Fernando Azevedo e Silva, um dos formuladores do programa de Bolsonaro. Este general saiu do gabinete de Toffoli direto para o ministério de Bolsonaro. Agora, segundo informações do G1, Toffoli solicitou formalmente a Villas Boas a nomeação de um novo general para o cargo.

Este cargo é o mais importante abaixo do presidente do STF, decide a agenda do presidente, com quem ele pode ou não se sentar, etc. Ao escolher generais escolhidos pela cúpula militar e com grande trânsito no governo Bolsonaro, Toffoli dá eloquentes mostras do que pretende em seu mandato. Essas mostras complementam suas declarações e decisões.

Toffoli está se convertendo em um agente do crescimento da influência militar na política e nas instituições. Não só no ministério de Bolsonaro, mas também no STF postam-se generais. Com esta decisão Toffoli aponta a dois objetivos: 1) conseguir respaldo militar para suas decisões e com o apoio militar legitimar a ingerência autoritária do judiciário nos rumos do país; 2) aumentar a ingerência de forças sem voto, como os militares e os juízes para tutelar e controlar - como marionete à serviço do imperialismo - os ataques aos direitos dos trabalhadores.

Esta decisão consolida o casamento golpista do judiciário e das Forças Armadas. O amor oriundo desta união tem como rebento a entrega do pre-sal e das estatais, deixar correr o Escola sem Partido e, principalmente, garantir a reforma da Previdência. Reforma que é a prioridade de um "pacto" que Toffoli propõe a toda elite nacional.

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Este casamento da toga e dos tanques ficou explícito nas declarações de Villas Boas à Folha admitindo sua ingerência na política em cada decisão polêmica do STF. Também ficou patente no papel ativo dos generais Augusto Heleno e Mourão na nomeação de Sérgio Moro para ministro de Bolsonaro.

A decisão de Toffoli acontece ao mesmo tempo que Toffoli adiou indefinidamente o julgamento dos recursos de Lula, preso arbitrariamente para dar continuidade ao golpismo, bem como retirou de pauta o julgamento do Escola Sem Partido, abrindo caminho para que continue a tramitação do reacionário projeto.

Na escolha de generais e do que vai (ou não) a julgamento demonstra seu ativo papel em buscar dar maiores contornos legais para a agenda reacionária do golpismo, de Bolsonaro e do Exército. A classe trabalhadora pode e precisa fazer frente a Bolsonaro e seus ataques e a o golpismo judicial e da cupula militar, para isso o Esquerda Diário chama os trabalhadores e a juventude a juntos exigirmos dos nossos sindicatos e entidades estudantis que convoquem um plano de luta e comitês para organizar as medidas de ação, para que fruto da mobilização possamos retomar nossas entidades para a luta de classes.