Sempre foi claro que a adoração de Bolsonaro por Trump supera toda admiração de fãs adolescentes por seus popstars favoritos. O presidente do Brasil, diante do reacionário (ainda) presidente dos EUA, não consegue controlar o próprio rabinho abanando, e sua reação nos encontros que tiveram prova essa admiração e subordinação.

A extrema-direita brasileira, contudo, detém uma capacidade de criação invejável quando se trata do máximo ridículo e hipocrisia quando resolve expressar o seu “nacionalismo”. A coisa atingiu outro nível e o bolsonarismo mostrou que o limite quando se trata de capachismo é apenas o seu ponto de partida. Bolsonaro batendo continência para a Bandeira dos EUA torna-se algo pequeno perto das convocações de manifestações pró-Trump.

A reivindicação? Parece ter sido ordenada diretamente pelo magnata americano em seu discurso golpista de ontem: “recontagem dos votos ou impeachment”. “Salvem o mundo do comunismo! Viva Trump! Viva Bolsonaro!”, foram um dos motes escolhidos para os cartazes de divulgação de (isso mesmo) atos e carreatas em defesa de Donald Trump.

Há diversas metáforas possíveis dessa relação tóxica entre o bolsonarismo, cujo amor é tão grande, e o trumpismo, que trata o seu amante com desdém. Mas por trás da piada pronta, está uma afinidade internacional, baseada no ódio racista, xenófobo, LGBTfóbico e um despreso imenso pela classe trabalhadora.

O Bolsonarismo prefere ser o cachorrinho mais abnegado dos EUA, em especial de Trump, aqui no Brasil, porque se identifica, ou melhor, queria ser como a classe dominante mais poderosa do mundo, mesmo que para isso se coloquem numa posição de humilhação e subordinação, que eles chamam de “Brasil acima de tudo”.

Bolsonaro nos últimos dias deixou clara sua preferência e fez coro com o golpismo de Trump, mas no momento dá indícios de que não terá a coragem de ficar ao lado do seu aliado internacional que foi tão importante para sua própria ascensão no Brasil, o seu exemplo, o seu mestre, Trump. A burguesia brasileira à qual Bolsonaro serve quer manter a classe trabalhadora e oprimidos subordinados ao imperialismo americano, seja de Trump ou de Biden.

O Exército demonstra que é possível ser capacho dos EUA sem, necessariamente, ter um alinhamento com Trump. Assim provou a entrega da base de Alcântara aos americanos e também as diversas operações feitas na Amazônia em conjunto com o exército Americano, “parcerias” de uma alta cúpula que admira e abaixa a cabeça para os generais americanos. Sem necessariamente a figura de Trump, o Departamento de Estado e o FBI conseguiram através da Lava-Jato causar sérios danos a Petrobrás. Com Biden, os agentes americanos envolvidos em atividades golpistas e de espionagem no Brasil podem ter, pelo menos, alguma representatividade em suas fileiras.

O bolsonarismo e seu chefe, por mais ridículos que sejam, não podem ser tratados como simples piada e chacota. Sabem que a derrota de Trump os enfraquece como os principais serventes do imperialismo aqui na América Latina. Biden, o possível próximo presidente norte-americano (não se engane, ele não quer proteger a "democracia"), favorece a ascensão de outros servos burgueses (do tipo de Dória, entre outros) para o imperialismo.