No terceiro dia dos bloqueios bolsonaristas nas rodovias pelo país, vemos que nem a ambiguidade do discurso do derrotado Bolsonaro, nem a atuação do regime farão frente a força social da extrema-direita nas ruas. Longe de reivindicar a aparelhada PRF e outras forças do regime, que vem dando várias mostras de seu alinhamento ao bolsonarismo e às manifestações, reivindicamos a ação espontânea de vários trabalhadores que se enfrentaram com os bloqueios demonstrando o caminho para expulsar das ruas o bolsonarismo. As centrais sindicais deveriam se apoiar nesse repúdio para organizar a força dos trabalhadores para derrotar o bolsonarismo na luta de classes.

Pois a imediata entrada em ação da base social bolsonarista mostra que eles seguirão como uma força política reacionária, contando inclusive com o apoio patronal visto nesses locautes, organizados pelos caminhoneiros ligados ao agronegócio, além da conivência das instituições, como a PRF. O discurso ambíguo do derrotado Bolsonaro foi pensado em toda sua linha para se apoiar nos milhões de votos e na demonstração de força de sua base, ao mesmo tempo mostrar sua utilidade como contenção da extrema-direita, preservando seu lugar no regime.

Mesmo sem relação de forças para forçar um golpe, como visto no reconhecimento do resultado eleitoral pela mídia, por políticos de todos os setores (inclusive bolsonaristas), pelas patronais e até pelo imperialismo internacional, a extrema-direita preserva e quer garantir na marra seu papel no regime. Já Lula, o PT e a esquerda institucional mostra mais uma vez sua covardia abandonando as ruas e chamando confiança nas forças do regime, através do judiciário e das polícias, para pacificar o país. Lula, enquanto descansa na Bahia, já indicou seu vice Alckmin para comandar a transição de governo e vem confiando numa “resolução republicana”, alinhado com STF e o Congresso, priorizando o cálculo de como aumentar sua frente ampla em nome da governabilidade.

A CUT, dirigida pelo PT, encabeça no movimento de trabalhadores essa linha de canalizar a nossa confiança para as instituições reacionárias que articularam esse regime podre, fruto do golpe institucional de 2016, como os governos estaduais, Congresso e STF. Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, chegou a desaprovar publicamente a linha do MTST em desobstruir as vias em claro movimento de se contrapor às iniciativas possíveis de se enfrentarem com o golpismo bolsonarista.

Enquanto isso os trabalhadores metalúrgicos e portuários no RJ, motoboys em SP, a população de uma comunidade no ES e diversas torcidas organizadas mostram o repúdio e como escorraçar esse setor das ruas. É urgente que as centrais sindicais, CUT e CTB, organizem a luta em cada local de trabalho, unificando trabalhadores com a juventude e os setores oprimidos para barrar essas ações reacionárias. É esse o caminho, e não confiando no judiciário ou nas alianças com a direita, como faz Lula-Alckmin, que iremos derrotar a extrema direita.